Uma descoberta inesperada ocorreu em dezembro de 2011, quando pesquisadores subiram pela primeira vez ao topo da Ilha Redonda, a mais afastada do litoral no Arquipélago das Cagarras. Lá, foi encontrado um machado de pedra em meio aos ninhos de atobás. Em seguida, acharam outros artefatos: mais um machado, dezenas de cacos de cerâmica, diversos "quebra-coquinhos" e uma mão de pilão. Uma segunda visita, em março de 2012, permitiu o reconhecimento do local como sítio arqueológico tupi-guarani, que foi registrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Os vestígios serão objeto de estudos mais detalhados de arqueólogos. "Que motivações os fizeram cruzar quase 10 quilômetros de mar aberto? Certamente não eram moradores, pois não há provisão de água doce na Ilha Redonda - nem mesmo bromélias acumuladoras de água, presentes nas Ilhas Comprida e das Palmas. Sendo habitantes da orla do Rio e de margens de suas lagoas, teriam esses tupis-guaranis sido atraídos pela forte concentração de recursos nesse local, especialmente ovos das aves marinhas que lá nidificam e coquinhos da palmeira-jerivá? Seria este um local de ritual? O arco de curvatura de alguns dos cacos de cerâmica permite supor que eram recipientes de tamanho compatível com urnas funerárias", escreveram os pesquisadores. Livro. O Projeto Ilhas do Rio resultou em um livro de 300 páginas e um documentário de 30 minutos. Além da pesquisa, um dos pilares do projeto é a educação ambiental, disse o coordenador Carlos Rangel. O grupo realiza um trabalho com pescadores artesanais da colônia de Copacabana (Z-13).Com centenas de fotos, além de aquarelas e mapas, o livro História, Pesquisa e Biodiversidade do Monumento Natural das llhas Cagarras inclui todos os resultados do trabalho de dois anos dos 12 pesquisadores. Três mil exemplares do livro e o DVD do documentário Ilhas Cagarras - Monumento Carioca serão distribuídos em escolas, universidades, museus e bibliotecas. Realizado pela ONG Instituto Mar Adentro, o projeto tem patrocínio do programa Petrobrás Ambiental, que será estendido por mais dois anos. / F.W.