42º dia de guerra: Alvo de mais sanções, Rússia prepara estratégia para avançar no leste

Respondendo ao cenário de tragédia descoberto em Bucha após a saída das tropas russas, EUA impõem sanções contra as filhas de Putin e contra os principais bancos russos

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Enquanto continuou com os pesados ataques contra cidades ucranianas neste 42º dia de guerra e se prepara para focar no leste, a Rússia viu aumentar a lista de sanções contra Moscou, que desta vez mirou a família do presidente Vladimir Putin.

Respondendo ao cenário de tragédia descoberto em Bucha após a saída das tropas russas, os EUA impuseram sanções contra as filhas de Putin e contra os principais bancos russos. Washington reiterou a acusação de que as evidências em Bucha comprovam que os russos cometeram crimes de guerra.

Do lado europeu, após a expulsão de dezenas de diplomatas, os países que compõem a União Europeia (UE), o G-7 e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) começaram a discutir novas rodadas de penalidades contra Moscou.

Mulher passa por um tanque russo destruído na vila de Sloboda, região de Chernihiv Foto: MARKO DJURICA

À medida que as sanções ocidentais aumentam contra a Rússia, as refinarias estatais da China procuram evitar novos contratos de petróleo russo, apesar de grandes descontos oferecidos por Moscou. Elas atendem assim ao pedido de cautela de Pequim, ainda que estejam mantendo os contratos existentes.

A China tem sido a principal aliada internacional da Rússia e se absteve de impor sanções a Moscou até agora. Mesmo assim, dá mostras de que tem agido com diligência.

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Por outro lado, é da Europa que Putin obteve hoje o aceno importante de um aliado. O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, disse que seu país está disposto a atender o pedido do líder russo para que faça os pagamentos pelo gás importado da Rússia em rublos, como tem exigido Moscou. Saiba mais sobre o 42º dia da guerra na Ucrânia:


Novos ataques

O Exército russo atacou cidades importantes na Ucrânia nesta quarta-feira enquanto o presidente Volodmir Zelenski cobrou ao Ocidente novas sanções contra a Rússia em resposta aos assassinatos de civis. Os ataques foram feitos nas regiões de Mikolaiv, Dnipropetrovsk e Luhansk, no sul e no leste da Ucrânia, contra depósitos de combustíveis que serviam para abastecer as forças ucranianas. Pelo menos uma pessoa morreu e cinco ficaram feridas, dizem as autoridades.

Ao mesmo tempo, a Rússia retirou todas as suas tropas que estavam dispostas contra Kiev e Chernihiv, duas grandes cidades no norte, e as enviou de volta à Belarus e para casa para se rearmar e reabastecer, disse um alto funcionário do Departamento de Defesa dos EUA. As tropas provavelmente devem seguir em breve para o leste da Ucrânia, que passou a ser o foco da Rússia nas últimas semanas. Civis estão fugindo da região, enquanto autoridades do país e analistas militares ocidentais alertam que as ações da Rússia apontam para uma escalada iminente de combates lá.

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Resposta de Washington

Como parte de uma resposta ao cenário descoberto em Bucha após a saída das tropas russas, que levaram Washington e Kiev a acusarem Moscou de criminosos de guerra, os EUA impuseram sanções contra os principais bancos russos e contra as filhas do presidente Vladimir Putin.

As medidas causam o bloqueio total do Sberbank, que detém um terço dos ativos bancários da Rússia, e do Alfabank. Os EUA também impuseram sanções às filhas adultas de Putin, à mulher e à filha do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, e membros do conselho de segurança da Rússia.

Amigos, amigos

A Hungria afirmou nesta quarta-feira que está disposta a pagar em rublos pelo gás russo, rompendo com a União Europeia, que busca uma frente unida para se opor à exigência de Moscou de pagamento na sua moeda. Segundo o primeiro-ministro Viktor Orbán, seu governo fará os pagamentos dessa forma se a Rússia pedir.

A Hungria foi um dos poucos membros da UE que rejeitaram sanções energéticas contra Moscou em resposta à invasão da Ucrânia, que a Rússia chama de “operação militar especial”. O governo Orbán mantém relações comerciais estreitas com Moscou há mais de uma década.

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Negócios à parte

Na China, apesar do apoio conhecido do presidente Xi Jinping a Putin, as estatais do país não querem ser vistas abertamente como tão próximas de Moscou. As refinarias têm evitado novos contratos de petróleo russo, apesar de grandes descontos oferecidos pelo país.

Elas continuam honrando os contratos existentes, mas atenderam ao pedido de cautela de Pequim à medida que as sanções ocidentais aumentam contra a Rússia pela invasão na Ucrânia, disseram seis fontes à agência de notícias Reuters.