57º dia de guerra: Putin desiste de invadir usina em Mariupol, OEA suspende a Rússia como ‘observador permanente’ e Biden anuncia nova ajuda à Ucrânia

Governo ucraniano pediu abertura de corredor humanitário e Moscou anunciou sanções contra personalidades americanas e canadenses

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Por Redação
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O líder russo Vladimir Putin desistiu nesta quinta-feira, 21, de ordenar um ataque à usina Azovstal, último reduto da resistência ucraniana na cidade de Mariupol, e determinou um cerco ao local. O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse que toda a cidade, além da extensa usina siderúrgica, onde as forças ucranianas estão entrincheiradas, seguem “cercadas e o perímetro está bloqueado com segurança”. Putin saudou o cenário como um “sucesso”.

O governo ucraniano, por sua vez, voltou a exigir a abertura de um corredor humanitário na cidade portuária. Kiev pretende retirar os mil civis e 500 soldados feridos que continuam protegidos em na área subterrânea da usina.

Na esfera geopolítica, a Organização dos Estados Americanos (OEA) cassou o direito da Rússia de atuar como observadora permanente do órgão até que o país “cesse suas hostilidades” e “retire as tropas da Ucrânia”. Em sessão extraordinária do Conselho Permanente, órgão executivo da organização, a resolução foi aprovada por 25 votos a favor, nenhum contra e oito abstenções.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou novo pacote de ajuda à Ucrânia Foto: Kenny Holston / NYT

Moscou contra-atacou as sanções ocidentais proibindo nesta quinta-feira, 21, a entrada em seu território de 29 personalidades americanas, incluindo a vice-presidente Kamala Harris e o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg. O ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que as restrições de viagens para 29 americanos e 61 canadenses - que também incluem funcionários do Departamento da Defesa, líderes empresariais e jornalistas dos dois países, permanecerão em vigor por tempo indeterminado.

Já o presidente americano, Joe Biden, anunciou uma ajuda militar adicional de US$ 800 milhões para a Ucrânia. O pacote inclui armas de artilharia pesada, dezenas de obuses, 144 mil munições e drones, informou a Casa Branca.

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Cidade cercada

Mariupol é alvo das forças russas desde o início da guerra e um importante alvo estratégico do Kremlin, já que liga a Crimeia, ocupada pela Rússia em 2014, à região de Donbas, principal alvo de Putin nesta nova fase da guerra.

Seu último bastião é a usina Azovstal Iron, uma das maiores fábricas metalúrgicas da Europa, onde milhares de combatentes ucranianos se agruparam para resistir às forças russas. Cerca de mil civis também se escondem no local, repleto de túneis subterrâneos.

Putin, que planejava tomar a usina, desistiu nesta quinta-feira, 21, de atacá-la, ordenando que as tropas russas se concentrem em cercar a fábrica e a cidade. “Considero inapropriado o ataque proposto à zona industrial. Ordeno o cancelamento”, disse Putin ao ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, em reunião transmitida na TV.

Direitos perdidos

O Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou nesta quinta-feira, 21, a suspensão da Rússia como observador permanente devido à invasão militar russa contra a Ucrânia. A iniciativa, apresentada por Guatemala e Antígua e Barbuda e apoiada por Canadá, Colômbia, Granada, Estados Unidos e Uruguai, foi adotada em reunião especial do Conselho Permanente da OEA, realizado em formato híbrido. Além de Brasil, se abstiveram Honduras, México, El Salvador, São Cristóvão e Neves, São Vicente e Granadinas, Argentina e Bolívia. A ausência foi da Nicarágua.

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A suspensão tem efeito imediato e durará até “o governo russo cessar as hostilidades, retirar todas as suas forças militares e equipamento da Ucrânia dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas e retomar o caminho do diálogo e da diplomacia”, diz o texto.

A resolução justifica a medida pelo número crescente de mortos e deslocados e pela destruição de infraestruturas civis na Ucrânia.

Sanções russas

A Rússia sancionou 29 americanos e 61 canadenses por tempo indeterminado.

A lista dos Estados Unidos inclui a vice-presidente americana, Kamala Harris, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, o apresentador do canal ABC News George Stephanopoulos, o colunista do Washington Post David Ignatius e o editor do site de notícias Meduza, centrado na Rússia, Kevin Rothrock. Na lista também aparecem o porta-voz do Pentágono, John Kirby, a subsecretária de Defesa Kathleen Hicks e personalidades do mundo das Finanças.

Na lista do Canadá figuram Cameron Ahmad, que trabalha como diretor de comunicação do primeiro-ministro Justin Trudeau, e o comandante das Forças de Operações Especiais, Steve Boivin.

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A lista de pessoas inclui aqueles que estão “diretamente envolvidos no desenvolvimento, estabelecimento e aplicação do rumo russofóbico do regime governante no Canadá”, afirmou o ministério das Relações Exteriores da Rússia.

Mais ajuda à Ucrânia

Os Estados Unidos irão enviar ajuda militar adicional à Ucrânia, em um novo pacote calculado em US$ 80 milhões. O Pentágono confirmou que este novo pacote de ajuda inclui 72 obuses de 155 mm com seus veículos, 144 mil cargas de munição e 121 drones táticos Phoenix Ghost.

Este novo tipo de drone assassino “foi desenvolvido rapidamente pela Força Aérea dos Estados Unidos para responder a solicitações específicas da Ucrânia”, disse um funcionário de alto escalão do Departamento da Defesa.

As primeiras armas deste novo pacote chegarão à Ucrânia até domingo, afirmou outra fonte do Pentágono, também sob anonimato.