O que fazer com Kyoto?

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Atualização:

Ian Fry, representante de Tuvalu - ilhas extremamente ameaçadas pelo aumento do nível do mar -, costuma fazer declarações fortes quando discursa nas reuniões da ONU sobre mudanças climáticas.

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Nessa última, em Bangcoc, não foi diferente. Ele disse que quem queria negociar o segundo período do Protocolo de Kyoto deveria permanecer na sala e, os demais, deveriam se retirar e parar de atrapalhar.

Mas a questão não é tão simples. A primeira fase de Kyoto expira em 2012. Mas países como Japão, Rússia, Canadá e Austrália têm demonstrado que não vão participar de uma próxima fase. Eles preferem um acordo que inclua os Estados Unidos, que nunca chegaram a ratificar Kyoto, e também os países emergentes, como China, Índia e Brasil, que não possuem metas obrigatórias de corte de emissões de CO2 pelo tratado feito na cidade japonesa.

Os países do G77+China (na verdade, um grupo de cerca de 130 países em desenvolvimento, do qual o Brasil faz parte) querem a manutenção de Kyoto. E acham que vale a pena fazer uma segunda fase mesmo sem esses países no acordo. Dos países industrializados, sobraria no protocolo a União Europeia (EU) e os países da Escandinávia. Vale a pena?

O G77 considera que Kyoto ainda é mais forte e mais seguro (em termos de regras) do que qualquer alternativa colocada hoje na mesa. Por isso insistem. Resta saber se a União Europeia aceitará - o chefe da delegação europeia, Artur Runge-Metzger, sempre afirma que o grupo aceita continuar em Kyoto, mas não quer fazer todo o trabalho sozinho. Com razão.

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Os representantes da UE terão um trabalho grande para convencer todos os países membros e, também, a opinião pública. Assim como existe no grupo países que têm liderado a busca por uma economia mais verde, de baixo carbono - caso da Inglaterra e da Alemanha - a União Europeia também tem como membros países extremamente dependentes do carvão, como a Polônia e a Hungria.

Por causa da demora em aprovar o segundo período de Kyoto ou definir um substituto a ele, Já há um sério risco de haver um "gap", como se fala nas negociações (um intervalo ou interrupção) das metas de corte de CO2. A última chance seria entrar em acordo sobre o tema no fim deste ano, em Durban, na África do Sul. Será que vai acontecer? Façam suas apostas!

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