O clima nos Estados Unidos mudou radicalmente. Agentes de segurança e de imigração vasculham todo o país em busca de pistas que possam levar a outros terroristas, para evitar as tragédias ocorridas há uma semana com os atentados contra as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, e contra o Pentágono, em Washington. Os estrangeiros, de modo geral, são examinados mais cuidadosamente do que o normal, porque as suspeitas levam a um complô de extremistas islâmicos, ligados ao líder religioso Osama bin Landen. Até mesmo quem não tem nada a ver com isto está sendo vítima do esquema mais intransigente implantado pelas autoridades americanas. Brasileiro ficou cinco dias preso O brasileiro Maurício Ventura, de 31 anos, de Florianópolis, foi uma dessas vítimas. Ele estava em um vôo que vinha de Atlanta para Miami, quando foi detido por agentes do Serviço de Imigração dos Estados Unidos (INS). Embora nada tenha a ver com os atentados, os oficiais da Imigração descobriram que Ventura havia trabalhado anteriormente nos Estados Unidos sem estar legalmente habilitado para isto. ?Me senti um criminoso? Ventura conta que passou seis dias em uma cela com mais cinco presos, três refeições diárias e sem TV. "Me senti um criminoso", conta indignado. "Fui fotografado, tiraram minha impressão digital e ainda tive de vestir roupa de presidiário." Só quando um suspeito paquistanês saiu da cela em que ele estava é que os carcereiros trouxeram uma televisão. "Meu maior desespero foi quando ouvi o presidente dos Estados Unidos declarar guerra." Segundo os procedimentos adotados pelo INS, a pessoa é embarcada imediatamente de volta para o seu país de origem, no primeiro avião que estiver retornando àquele país. É o que deveria ter ocorrido com Ventura. No entanto, como os Estados Unidos fecharam o espaço aéreo após os atentados, ele ficou retido nas dependências do INS em Atlanta, até ser liberado para viajar de volta para o Brasil. De acordo com a legislação dos EUA sobre imigração, a pessoa pega na condição de ilegal no país pode ficar até dez anos sem permissão para reingressar no país. Entretanto, sempre há condições de recorrer da penalidade, se o caso for julgado numa corte dos Estados Unidos. Obviamente, isto só vale quando a pessoa ainda se encontra em território americano.