Na medida em que vêm à tona na Alemanha denúncias de supostos elos entre o Partido Nacional Democrata (PND) e uma assassina célula terrorista neonazista, um coro cada vez maior de políticos vem pedindo - para tão logo quanto seja possível - a proibição da legenda."A proibição ao PND precisa ocorrer imediatamente", disse o governador da Saxônia-Anhalt, Reiner Haseloff, acrescentando que havia pouca dúvida quanto à inconstitucionalidade da organização. "Parece-me evidente o fato de que eles mantiveram contato com a cena militante. Não há espaço para meias palavras: uma democracia confiante e vigilante precisa lidar com essa ameaça", disse.A nova tentativa de proibição ao PND é o resultado da prisão de Ralf Wohlleben, detido semanas atrás como suspeito de ter fornecido uma arma a um trio de neonazistas acusado pelo assassinato de nove pessoas de origem estrangeira, bem como o de uma policial. As autoridades alegam que Wohlleben, de 36 anos, deu apoio instrumental para seis dos assassinatos.O caso da chamada célula de Zwickau, nome da cidade onde moravam os membros do grupo, chocou os alemães e "envergonhou" o país, disse a chanceler Angela Merkel.Seus supostos elos com o PND, que ocupa cadeiras nos parlamentos da Saxônia e de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, no nordeste do país, podem agora se mostrar fundamentais para aqueles que defendem uma proibição definitiva ao partido.Ole Schroeder, funcionário do alto escalão do Ministério do Interior e membro do conservador grupo de Merkel, os Cristãos Democratas, diz que o suposto papel desempenhado por Wohlleben, ex-membro do PND, é decisivo para o caso. "Os investigadores devem agora analisar se Wohlleben se envolveu com a célula terrorista de Zwickau a mando do PND, ou se o fez sem o conhecimento do partido", disse ele ao diário Hamburguer Abendblatt. "Tratou-se de um ato cometido pelo partido ou por um indivíduo? Essa pergunta será decisiva no debate envolvendo a proibição ao PND." / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL