Nunca tantos americanos que moram em Israel se registraram para votar para presidente dos EUA. Nas eleições de 2000, 15 mil votaram. Desta vez, pelo menos o dobro, 30 mil, preencheram os formulários para participar do pleito. Depois que só 537 votos garantiram a vitória de Bush em 2000, ficou claro que cada voto conta - explica Kory Bardash, secretário-geral da seção israelense da Republicans Abroad, a organização que reúne todos os americanos com tendência republicana que moram fora dos EUA. Se as pesquisas eleitorais estiverem corretas, apontando para quase um empate estatístico entre Kerry e Bush, Bardash acredita que os votos de Israel podem definir quem vai presidir os EUA. Até porque pelo menos 6 mil votantes são originários da Flórida, um dos três Estados americanos considerados chave para a definição do vencedor. Estima-se que moram em Israel de 230 mil a 240 mil americanos, a grande maioria judeus que decidiram refazer a vida no país. Desses, algo em torno de 140 mil têm idade suficiente para votar. Não há dados oficiais, mas a comunidade americana em Israel acredita ser a quinta maior do mundo, atrás do Canadá, Grã-Bretanha, Alemanha e México. Cerca de 7 milhões de americanos moram fora dos EUA. Para Howie Kahn, diretor da Associação de Americanos e Canadenses em Israel, a grande maioria dos votantes vai pôr o nome de Bush na cédula eleitoral. "Percebo mais entusiasmo em relação ao presidente, mas não há dados concretos - disse Kahn à agência de notícias judaica Jewish Telegraph. Se isso se confirmar, será uma mudança da tradicional tendência dos judeus (tanto em Israel quando nos EUA) de votarem no Partido Democrata. Em 2000, Bush recebeu só 35% dos votos dos americanos-israelenses contra mais de 60% para Al Gore. Já nos EUA, a comunidade judaica dedicou ainda mais votos a Gore: 80% contra só 19% para Bush. Quatro anos depois, os americanos-israelenses podem estar seguindo a atual opinião pública israelense, que é pró-Bush desde o 11 de Setembro. Segundo uma recente pesquisa publicada no jornal israelense Haaretz, 50% no país votariam em Bush, se pudessem. Só 24% escolheriam Kerry. Para Kory Bardash, a identificação entre os dois países cresceu em direta proporção ao aumento do número de ataques terroristas contra os EUA e a onda de violência em Israel depois do começo da segunda Intifada, em 2000 - que moveu a opinião pública do país para a direita. Já o democrata Mark Zober, presidente da Democrats Abroad no país, não acredita que a maioria dos americanos em Israel vá votar por Bush. Para ele, 60% vão continuar a apoiar o Partido Democrata. "Quem disse que Bush ganha por aqui? Isso é propaganda republicana", reclama Zober. "Os israelenses-americanos sabem que a maneira como Bush está lidando com o Oriente Médio depois dos ataques às Torres Gêmeas é terrível. Declarar guerra contra os muçulmanos não é a solução. Precisamos de um líder que leve mais em consideração os valores de outras sociedades." Para o advogado nova-iorquino Sheldon Schorer, de 55 anos,há 24 anos em Israel, Bush criou uma polarização desnecessária entre EUA e Israel de um lado e o restante do mundo do outro. "Todo o mundo nos odeia, agora. Como isso vai nos ajudar a fazer paz com os palestinos?", pergunta. Há também um número indeterminado de americanos morando nos territórios palestinos. O democrata Mark Zober estima em 15 mil o total de possíveis votantes, mas não sabe quantos deles se registraram. Zober acha que a maioria não vai votar, mas prevê um grande numero de votos para o candidato independente Ralph Nader, que é de origem libanesa. Eles vêm republicanos e democratas como favoráveis a Israel.