Caçado todos os dias pelos jatos de ataque F-18 Hornet da Marinha dos Estados Unidos, o principal olho eletrônico da Força Aérea do Iraque, o avião radar Adnan-I, um Awacs montado sobre a plataforma de um cargueiro russo Ilyushin-76, é alvo prioritário da coalizão. Em vôo, pode rastrear 360 alvos simultaneamente, esquadrinhando uma área de 23 mil km quadrados. O avião também é um mistério: a enorme aeronave de quatro turbinas, 55 metros de comprimento, alta como um prédio de quatro andares, sumiu da mesma forma como desapareceram os caças-bombardeiros e supersônicos interceptadores de Saddam Hussein. O Adnan-I, de vigilância e controle de combate está desaparecido, provavelmente escondido em instalações subterrâneas ou abrigado em outro país. Duas unidades do Adnan-I foram construídas entre janeiro de 1988 e fevereiro de 1989. Três especialistas brasileiros participaram do empreendimento. Um dos aviões foi levado para o Irã por sua tripulação desertora em 1991, durante a 1ª Guerra do Golfo. O engenheiro Ronaldo Monteiro Bataglin, que vive desde 1983 na Cidade Industrial Hussein, 40 quilômetros a sudeste da capital, recrutou em São José dos Campos dois técnicos em eletrônica fina, Antonio Prado e Luis Carlos Mendes. O grupo atuou na integração de sistemas de bordo. Prado mora em Londres e lembra que havia no aparelho grande quantidade de componentes russos "e surpreendentemente também israelenses, certamente contrabandeados". O avião radar iraquiano segue o modelo do Mainstay desenvolvido na ex-URSS e mantido em operação pela Rússia. Destinado a missões de vigilância, alerta avançado, controle do espaço, designação de alvos e coordenação de forças em combate, o Adnan-I (homenagem ao ministro da Defesa Adnan Kheirala, morto em acidente aéreo) pode detectar os alvos simultâneos e priorizar a resposta pelo grau de ameaça. No modo de busca a baixa altitude, o raio de ação de seus sensores é de 380 quilômetros. Voltado para a varredura de objetivos a grande altitude, na faixa de 24 mil metros, abrange um raio superior a 500 km. A grande antena externa de 9 metros é francesa, fornecida sob contrato pela corporação (ex-) Thomson, hoje Tales. O Adnan-I preocupa o Comando Central da coalizão porque pode entrar em ação no espaço aéreo de outro país, a Síria ou o Irã. Atuando como centro coordenador, é capaz de expandir a capacidade das forças iraquianas. O Il-76 configurado como Awacs tem autonomia de 7,5 mil quilômetros. Tem recursos para reabastecimento em vôo. Além dos 4 tripulantes leva uma equipagem de 12 técnicos, operadores dos consoles eletrônicos. Veja o especial :