A história de um "bebê milagroso", filho de brasileiros, é a sensação do mês em Las Vegas, Estados Unidos. As redes locais de TV, a NBC e jornais da cidade acompanham a trajetória de Daniela Vezozzo Farhat, de 28 anos, que deu à luz a uma criança, mesmo sofrendo de um tumor no cérebro. Os pais, estudantes da Universidade de Nevada, descobriram o câncer aos três meses de gestação. O nascimento do bebê e a rápida recuperação da mãe, depois de passar por uma cesariana e pela cirurgia de extração do tumor no mesmo dia, comoveu os norte-americanos. "Saímos do hospital com caixas de comida e de suprimentos para o bebê", conta o pai, Maurício Farhat. As contas no Hospital Sunrise chegaram a US$ 110 mil. Metade foi paga pelo seguro-saúde da universidade, e o restante ficará para a prefeitura de Las Vegas, por iniciativa do próprio hospital. Uma enfermeira vai ajudar Daniela a cuidar do bebê prematuro em casa. "Ela virou uma celebridade", diz Farhat. A imprensa norte-americana chama a criança de "miracle baby". Não era o primeiro diagnóstico de câncer de Daniela. Aos 5 anos, a menina, nascida em Curitiba, foi a Nova York para ser tratada de leucemia. No ano passado, já morando nos Estados Unidos com o marido, descobriu ter um tumor não-cancerígeno de seis centímetros no cérebro, que crescia quase sem apresentar sintomas. Depois da operação e das sessões de quimioterapia, os médicos da Universidade da Califórnia, onde foi tratada, disseram que era praticamente impossível que ela engravidasse. "Aconteceu e ficamos muito contentes", diz Maurício. A gravidez corria bem até que uma ressonância magnética de rotina detectou um novo tumor no cérebro de Daniela, provavelmente, segundo os médicos, uma decorrência da leucemia na infância. O tumor foi crescendo e a mãe não podia tomar medicações, por causa do bebê. "Contávamos nos dedos os dias, torcendo para completarem logo os nove meses", diz o pai. "Aos sete meses, quando o lado direito dela ficou paralisado, os médicos resolveram operar." "Meu filho foi um presente", diz Daniela, que deixou o hospital nesta semana, depois de um mês. A criança, que se chama Daniel, nasceu no dia 6 de fevereiro e logo em seguida a mãe sofreu a cirurgia no cérebro. Segundo os médicos, sua recuperação é surpreendente. Está falando normalmente e anda com ajuda de uma muleta. Sua vontade agora é a de completar o curso de hotelaria na universidade. A intenção da família é voltar ao Brasil depois do fim do tratamento, mas a imprensa local gosta de enfatizar que Daniel é um cidadão americano.
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