O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, quebrou ontem 24 horas de silêncio e comentou pela primeira vez a decisão da Justiça de Milão de levá-lo ao banco dos réus em 6 de abril, em um processo por abuso de poder e exploração sexual de menor. Em breve declaração feita em uma entrevista coletiva, Il Cavaliere reduziu a importância da ameaça jurídica: "Não estou preocupado de modo nenhum".Berlusconi abordou o assunto durante uma entrevista coletiva da qual participou com o ministro da Economia, Giulio Tremonti - a personalidade política de centro-esquerda mais popular do país, segundo pesquisas de opinião. Questionado sobre se os problemas com a Justiça não ameaçavam a candidatura do banqueiro italiano Mario Draghi à presidência do Banco Central Europeu, o chefe de governo retrucou: "Não falarei sobre isso por amor ao meu país. Mas posso dizer uma coisa: não estou preocupado de modo nenhum". Ao fazer as declarações, Berlusconi sorria. Além disso, o premiê afirmou, com a expressão latina "compos sui", que o jornalista que o questionou sobre o caso não era "são de espírito". Ontem, o jornal La Repubblica publicou reportagem afirmando que Berlusconi conhecia a idade da prostituta marroquina Karima el-Mahroug, conhecida como Ruby "Rouba Corações" , que, segundo a Promotoria de Milão, tinha 17 anos na época em que participou de orgias com o premiê. Segundo a acusação, Ruby também foi beneficiada por Berlusconi quando, depois de ser presa, em 2010, foi liberada após a intervenção do premiê. O Ministério Público de Milão pediu o "julgamento imediato" de Berlusconi por envolvimento com prostituição de menores e abuso de autoridade, que foi acatado pela Justiça italiana. Segundo a investigação, a brasileira Iris Berardi também teria participado das festas do premiê quando era menor de idade. A repercussão dos problemas judiciais de Berlusconi ganha força na Europa. O jornal britânico Financial Times chegou a publicar editorial com o título "Arrivederci, Silvio".