O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, assinou nesta quinta-feira a lei que ordena o construção de um muro de 1.125 quilômetros na fronteira entre os Estados Unidos e o México. A medida está sendo interpretada como uma tentativa de garantir uma plataforma eleitoral aos candidatos republicanos, caracterizando-os como duros em relação à imigração ilegal. "Infelizmente os EUA não têm total controle de suas fronteiras há décadas, portanto a imigração ilegal tem aumentado", disse Bush durante a cerimônia de assinatura. "Temos a responsabilidade de reforçar nossas leis", disse Bush. "Nós temos a responsabilidade de garantir a segurança de nossas fronteiras. Levamos essa responsabilidade a sério". Membros do governo mexicano têm criticado a construção do muro. O presidente Vicente Fox, que passou boa parte dos seis anos de mandato fazendo lobby por um novo programa de trabalho temporário e por uma chance de cidadania aos milhões de mexicanos trabalhando ilegalmente nos EUA, chamou o muro de "vergonhoso" e o comparou ao Muro de Berlin. A peça central da política de imigração do governo Bush, um programa de trabalho temporário, continua parado no Congresso. E muitos republicanos bloqueiam as negociações com o Senado por uma lei que inclua a proposta do presidente. Ainda assim, Bush argumenta que será mais fácil conseguir passar o seu programa de trabalho temporário se os republicanos mantiverem a sua maioria no Congresso e no Senado após as eleições de sete de novembro. Os democratas tentam ganhar o controle das duas casas. Sua proposta permitiria emprego legal a estrangeiros e daria a cidadania americana a alguns dos cerca de 11 milhões de imigrantes ilegais que vivem nos EUA . O custo do muro é desconhecido, mas uma medida de segurança interna que o presidente assinou no início deste mês libera US$ 1,2 milhão para o projeto. O dinheiro também pode ser usado para a construção de estradas de acesso, para a compra de veículos, iluminação, equipamentos de alta tecnologia e outras ferramentas para garantir a segurança da fronteira. Mas muitas pessoas têm dúvidas sobre a efetividade do muro. "Um muro irá segurar as pessoas por um minuto ou dois, mas se você não tem agentes para impedi-los, (o muro) não serve de nada. Não estamos falando sobre uma barreira impenetrável", disse nesta quarta-feira J.T. Bonner, presidente do Conselho Nacional de Patrulha de Fronteira, uma união que representa os agentes de patrulha. As estatísticas da Alfândega e da Proteção da Fronteira mostram que as prisões de pessoas que cruzam a fronteira caíram 8% em nível nacional, segundo Bonner. As prisões só aumentaram em San Diego, uma área da fronteira que já tem muro.