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Bush diz duvidar que Saddam vá atender exigências

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Por Agencia Estado
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O presidente George W. Bush afirmou hoje ter "sérias dúvidas" de que Saddam Hussein vá atender exigências para se desarmar e, assim, evitar um confronto com a comunidade internacional. Bush fez a declaração um dia depois de ter pedido à ONU para unir-se aos Estados Unidos numa ação contra Saddam, caso o presidente iraquiano não atenda rapidamente uma série de exigências, como um desarmamento incondicional e o fim da perseguição a minorias. "Estamos falando em dias e semanas, não meses e anos", disse Bush ao reforçar seu pedido que a ONU imponha um ultimato a Saddam. "Tenho sérias dúvidas de que ele vá atender nossas demandas. Espero que ele atenda, mas duvido muito". O vice-primeiro-ministro iraquiano, Tariq Aziz, anunciou hoje que o Iraque se opõe ao retorno dos inspetores de armas da ONU e que o discurso de Bush nas Nações Unidas estava "cheio de mentiras". "Não aceitamos as condições de Bush", disse Aziz numa entrevista em Bagdá à rede de tevê saudita MBC. "A volta incondicional dos inspetores não resolverá o problema. Tivemos uma experiência com eles (EUA e Grã-Bretanha)... a experiência de 1998", afirmou Aziz, referindo-se aos ataques anglo-americanos lançados em 1998 para punir o governo de Saddam por não cooperar com os inspetores de armas da ONU. O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, iniciou hoje uma série de conversas com líderes estrangeiros para ver se é possível elaborar uma resolução da ONU que peça ao Iraque para se submeter a inspeções, ou sofrerá sérias consequências. Só a Grã-Bretanha está firmemente ao lado dos EUA em sua posição linha dura contra Saddam. Os outros três membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, Rússia, China e França, têm o poder de vetar uma resolução. A administração Bush pretende enviar o vice-presidente Dick Cheney a Nova York, antes do encerramento da Assembléia Geral na semana que vem, para manter a pressão por uma ação. Existe pouco apoio para uma guerra contra o Iraque entre as nações. Mas o subsecretário de Estado John Bolton disse hoje em Moscou que estava "muito confiante de que os dois ministros (do Exterior) e os dois presidentes (dos EUA e da Rússia) vão trabalhar para alcançar um acordo também durante esta crise". Bolton está em Moscou para discutir principalmente a cooperação tecnológica da Rússia com o Irã, que preocupa profundamente os EUA. Levando a diplomacia para a televisão, Powell explicou hoje que Bush "sente muito fortemente que você não pode apenas fingir que não vê" o problema. As Nações Unidas, acrescentou, foi formada para responder a situações como a do Iraque. "Você não pode ter uma organização irrelevante", advertiu Powell na CNN. Para Powell, entretanto, uma guerra contra o Iraque não é "inevitável". O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, comentou que a negativa do Iraque de aceitar as volta dos inspetores, anunciada por Aziz, significa que Bagdá "obviamente, tem algo a esconder." Ele negou sugestões de que Bush foi mais duro hoje do que havia sido em seu discurso na ONU. "Penso que as Nações Unidas entendem o quão importante é para elas mostrar sua determinação em impor suas resoluções. O mundo está observando", disse.

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