Num novo esforço para retomar as conversações de paz entre Israel e a Autoridade Palestina, a administração do presidente George W. Bush despachou hoje para o Oriente Médio o enviado William Burns. O diretor da CIA, George J. Tenet, provavelmente também chegará à região no fim de semana. Burns fará uma avaliação da situação com autoridades egípcias, sauditas e jordanianas, assim como com as israelenses e palestinas. Tenet, por sua vez, pretende concentrar-se em arranjos de segurança na Cisjordânia e Gaza. A administração Bush já apresentou um amplo esboço do que espera das conversações de paz, incluindo um encontro internacional de ministros do Exterior nos próximos meses - um Estado palestino, uma Autoridade Palestina mais democrática, maciça ajuda aos palestinos e segurança para Israel contra ataques terroristas. Mas, em Roma, o secretário de Estado Colin Powell disse hoje: "Não estamos preparados para colocar na mesa um plano americano com detalhes específicos". "Quando recebermos as informações do embaixador Burns e do senhor Tenet e consultarmos um monte de outras pessoas, vamos começar a integrar todas as informações e ver quais devem ser os próximos passos", acrescentou. Apesar de ataques sem trégua de terroristas palestinos contra Israel, Bush disse que os Estados Unidos não serão demovidos de pressionar por um acordo entre Israel e a Autoridade Palestina. No ano passado, Bush e Powell concordaram com o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, que deveria haver um período de calma antes que pudesse ter início o processo de paz. Pressionado por líderes árabes e europeus, a administração assumiu agora a posição mais tradicional do Departamento de Estado, segundo a qual a resposta ao terrorismo são as negociações políticas, que não podem ser postergadas. "Existem pessoas que não querem a paz e portanto estão dispostas a matar", disse o presidente a repórteres em Roma. "Deploramos fortemente e condenamos a violência terrorista", continuou Bush. Powell tem falado freqüentemente sobre a aceleração do "processo político". E no ano passado a administração Bush adotou um cronograma, que deveria começar com um forte declínio da violência. Mas, com a persistência dos ataques terroristas, e com advertências de europeus e árabes de que o processo tinha de ser iniciado, Powell disse que o reforço da segurança poderia ocorrer simultaneamente a outros gestos de paz. Nesse ínterim, esforços para reviver um cessar-fogo foram marginalizados. A fórmula de paz da administração foi esboçada por uma comissão liderada pelo ex-senador George Mitchell. Ela começa com um cessar-fogo e pede a Israel e aos palestinos para fazerem concessões mútuas. Israel, por exemplo, deverá parar de construir casas para judeus na Cisjordânia e Faixa de Gaza. Powell considera esses assentamentos um obstáculo ao processo de paz.