O presidente Hugo Chávez solicitou ao Tribunal Supremo de Justiça que impeça a permanência das autoridades eleitorais no cargo - petição que grupos opositores qualificam como uma escandalosa manobra para bloquear o referendo que visa a antecipar as eleições. Chávez solicitou ao tribunal que declare inconstitucional uma disposição transitória prevista em uma nova Lei Eleitoral que permite que os dirigentes do atual Conselho Nacional Eleitoral (CNE) continuem no exercício de suas funções até que a Assembléia Nacional designe novas autoridades e estas tomem posse. Se a sentença do Tribunal favorecer Chávez, não haverá autoridade disponível para decidir sobre uma petição de 2 milhões de assinaturas que exige a realização de um referendo que busca pressionar o governo a submeter-se, com antecipação, a uma consulta popular. O CNE deve concluir o processo de revisão de assinaturas e a avaliação jurídica da possível convocação do referendo antes de 4 de dezembro. Chávez apresentou sua petição na segunda-feira, no momento em que milhares de opositores marchavam em Caracas para entregar às autoridades eleitorais as assinaturas de apoio à convocação do referendo. Durante a manifestação, os corpos de segurança entraram em confronto com simpatizantes do governo que tentaram bloquear a passagem da marcha. Pelo menos 17 pessoas foram baleadas. Chávez não será obrigado a deixar o poder se perder o plebiscito, mas seus opositores esperam que ele se veja compelido a renunciar.
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