O Governo da China pediu ao da Coréia do Norte que mantenha a calma e a contenção, após o anúncio da intenção norte-coreana de fazer um teste nuclear em data ainda não marcada. O pedido foi feito através de um comunicado do Ministério de Relações Exteriores chinês. A nota também confirmou a cúpula entre o presidente da China, Hu Jintao, e o da Coréia do Sul, Roh Moo-Hyun, na próxima semana, em Pequim. "A China espera também que todas as partes envolvidas expressem sua preocupação através do diálogo e das conversações, e não tomando medidas que piorem a situação", acrescentou o comunicado, assinado pelo porta-voz de Relações Exteriores, Liu Jianchao. Em Nova York, o embaixador chinês na ONU, Wang Guanya, usou o mesmo tom. Ele também pediu moderação nas reações contra Pyongyang e insistiu que o diálogo de seis lados, paralisado há quase um ano, é o melhor canal para resolver a crise. "É um assunto muito delicado, portanto peço a todas as partes que mostrem contenção", disse o embaixador. A Coréia do Norte anunciou a intenção de realizar uma prova nuclear "no futuro" para aumentar sua capacidade de dissuasão bélica diante da "hostilidade" dos Estados Unidos. O Ministério de Relações Exteriores norte-coreano afirmou que "as ameaças dos EUA de iniciar uma guerra nuclear, assim como suas sanções e pressões, obrigam a República Democrática Popular a realizar um teste nuclear, processo essencial para desenvolver a dissuasão atômica como medida de defesa". O caso da Coréia do Norte será certamente um dos principais temas na agenda da cúpula entre os presidentes chinês e sul-coreano, marcada para 13 de outubro, na capital chinesa. A China é considerada o principal aliado da Coréia do Norte nas conversas de seis lados. Até agora foram realizadas cinco rodadas, entre 2003 e 2005, mas os resultados do diálogo não foram positivos. Em junho, a Coréia do Norte lançou sete mísseis, um deles intercontinental e os outros de médio e curto alcance, que caíram sobre o Mar do Japão. Segundo o regime norte-coreano, eles faziam parte de manobras "rotineiras" de defesa. Os testes causaram também fortes tensões políticas na região. Em setembro do ano passado, as seis partes envolvidas no diálogo (China, EUA, Rússia, Japão e as duas Coréias) chegaram a um princípio de acordo para a desnuclearização norte-coreana. A contrapartida seria uma série de garantias econômicas e de segurança. Mas Pyongyang voltou atrás e manteve seu programa atômico um dia após assinar o pacto. Segundo relatórios da inteligência dos EUA e de outros países, especialistas nucleares soviéticos e chineses assessoraram a Coréia do Norte nos anos 50 e ajudaram na construção das instalações nucleares de Yongbyon, que começaram a funcionar nos anos 60.
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