China pressiona por testagem regular em massa para zerar covid em meio a custo econômico alto

Medida é adotada em cidades e províncias para conter variante Ômicron, mesmo em lugares que não possuem surto

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Por Redação
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THE NEW YORK TIMES - A implementação de testes regulares em massa para detectar o coronavírus em cidades e províncias da China, com a intenção de zerar os casos da covid-19, começa a ter preocupações sobre o seu custo econômico. A medida é adotada mesmo em lugares que não possuem nenhum surto da doença no presente.

Na província central de Henan, 99 milhões de moradores serão obrigados a fazer testes de PCR para detecção da covid em dias alternados, até o mês de junho. Em Zhejiang, motoristas são testados nas saídas de rodovias antes de poderem entrar na cidade. E a capital chinesa, Pequim, que vive um pequeno surto, está agora entre as cidades que exigem teste para entrar no metrô ou em qualquer local público.

A abordagem, adotada para conter a variante Ômicron do coronavírus, mais infecciosa do que as anteriores, corre o risco de aumentar a pressão sobre a economia do país e a insatisfação de uma parte da população que já protesta contra os bloqueios rígidos. Mesmo assim, autoridades aderem às medidas - repetidas em anúncios oficiais e na mídia estatal nas últimas semanas.

Entregadores chineses usam máscara e roupa protetora contra a covid-19 em Xangai, na China. Imagem é desta quarta-feira, 25 Foto: Hector Retamal / AFP

No início deste mês, o vice-primeiro-ministro chinês, Sun Chunlan, afirmou que as grandes cidades deveriam ter postos de testagens disponíveis em um raio máximo de 15 minutos de caminhada das casas das milhares de pessoas. Xangai aderiu à medida e montou quase 10 mil postos nas últimas semanas, mas nem todas cidades e províncias podem ser dar ao luxo de fazer o que a cidade mais rica da China faz.

A testagem em massa regular nas maiores e mais desenvolvidas cidades da China, que abrangeriam cerca de 500 milhões de pessoas, podem custar mais de 1,7 trilhão de yuans por ano, o equivalente a US$ 255 bilhões. Isso corresponde a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, de acordo com a estimativa de economistas da companhia financeira Soochow Securities, baseada na China. O documento se espalhou pelas redes sociais chinesas e posteriormente foi censurado.

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Uma participante da Comissão Nacional de Saúde da China, Guo Yanhong, afirmou na segunda-feira, 23, que os testes devem se concentrar em capitais provinciais que correm alto risco de importar o vírus e em cidades com uma população de pelo menos 10 milhões de habitantes. O ideal é que a frequência dos testes seja de acordo com a situação de cada local, acrescentou.

A despeito das declarações, cinco províncias e várias cidades, além de grandes metrópoles como Xangai e Pequim, afirmaram que avaliam a possibilidade de implementar os testes PCR de forma periódica e outras medidas.

Morador olha rua através de buraco em barreiras montadas em áreas residenciais de Xangai para conter covid-19. Cidade vive surto da variante Ômicron Foto: Aly Song / Reuters

Nas províncias centrais menos ricas, medidas rigorosas de contenção e prevenção já cobraram seu preço. Os governos locais de Sichuan e Anhui pediram nas últimas semanas doações públicas para aliviar dificuldades no fornecimento de equipamentos médicos.

As novas medidas nas redes sociais são ridicularizadas nas redes sociais. No Weibo, plataforma chinesa semelhante ao Twitter, usuários sugeriram que os testes de covid poderiam impulsionar o crescimento econômico, que caiu devido aos bloqueios e proibições de viagens.

Em resposta, Hu Xijin, ex-editor do tabloide do Partido Comunista Global Times, elogiou o plano de testagem da província de Henan na segunda-feira. Ele também repetiu o argumento oficial do governo de que viver com o vírus nunca funcionaria na China e que os testes regulares de PCR eram a melhor opção para o país. “Por favor, seja educado e pare de caluniar os testes de PCR”, disse Hu.