Duas embarcações que, estima-se, naufragaram há seculos foram descobertas nas proximidades dos destroços do famoso galeão San José, que afundou na costa de Cartagena mais de 300 anos atrás, de acordo com as autoridades marítimas da Colômbia.
As autoridades colombianas também revelaram novas imagens do naufrágio do San José, que foi descoberto em 2015 e com frequência é descrito como o “Santo Graal” dos naufrágios.
As imagens foram registradas durante quatro missões de observação da Marinha colombiana que acionaram um submarino pilotado remotamente em uma profundidade ao redor de 950 metros na costa caribenha do país. As misteriosas imagens em tons de azul e verde mostraram moedas de ouro, cerâmicas e porcelanas intactas espalhadas pelo leito marinho. Elas oferecem um vislumbre do tesouro do navio, que, estima-se, valeria bilhões de dólares atualmente.
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O submarino também localizou os destroços de uma embarcação colonial e uma escuna cujo naufrágio, estima-se, ocorreu há cerca de 200 anos, no período posterior à guerra de independência da Colômbia contra a Espanha.
O San José, um galeão que possuía 64 canhões e tinha capacidade de transportar 600 pessoas a bordo, pertenceu ao rei espanhol Filipe V. O navio afundou próximo a Cartagena, em 1708, durante uma batalha contra a esquadra britânica, na Guerra da Sucessão Espanhola.
Estima-se que a embarcação naufragada contenha um dos mais valiosos tesouros já perdidos no mar — uma carga de ouro, prata, esmeraldas e outros produtos extraídos do império colonial espanhol, que poderia valer mais de US$ 17 bilhões em valores atualizados.
O afamado galeão é tema da imaginação popular há anos e foi até descrito no romance “O amor nos tempos do cólera”, do escritor colombiano laureado com o Nobel de literatura Gabriel García Márquez.
Caçadores de tesouros tentaram por muito tempo encontrar o naufrágio, e uma empresa americana juntou-se à busca com autorização do governo colombiano nos anos 80 e alegou ter descoberto sua localização.
O presidente colombiano Iván Duque deu a notícia das novas imagens e dos outros naufrágios encontrados em um anúncio televisionado, na segunda-feira. “O equipamento que nosso Exército adquiriu e seu nível de precisão mantiveram o tesouro intacto; ao mesmo tempo, seremos capazes de protegê-lo para extração posterior”, afirmou ele.
O submarino de exploração controlado remotamente é produto de anos de trabalho, afirmou Gabriel Alfonso Pérez, comandante da Marinha colombiana. “Em anos anteriores, realizamos quatro expedições, que nos permitiram verificar da superfície que a área onde o galeão San José está localizado não sofreu intervenção humana”, afirmou Pérez.
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O navio esteve no centro de arrastadas batalhas jurídicas envolvendo a Colômbia, a Espanha, uma empresa americana e um grupo indígena da Bolívia — todos cobiçando o direito sobre seu tesouro.
A Espanha, citando uma convenção da Unesco, reivindica o direito sobre o naufrágio porque a embarcação pertencia à Marinha espanhola três séculos atrás, e os restos mortais de centenas de marinheiros espanhóis jazem nos destroços.
O grupo indígena Qhara Qhara, cujo território abrange uma área localizada atualmente na Bolívia, afirma que o tesouro lhe pertence, já que os colonizadores espanhóis forçaram seus ancestrais a minerar parte dos metais preciosos a bordo.
Por sua vez, a empresa americana Sea Search Armada processou o governo colombiano para impedir a exploração do naufrágio, alegando que tem direito a parte do tesouro. A Suprema Corte colombiana manteve uma decisão em 2007 que confere 50% do tesouro à SSA.
Mas a Colômbia afirma que a localização determinada pela empresa foi incorreta e que o verdadeiro local do naufrágio do San José foi descoberto com ajuda da Woods Hole Oceanographic Institution, de Massachusetts, em 2015.
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A Colômbia aprovou em 2013 uma lei determinando que naufrágios encontrados em suas águas seriam considerados patrimônio nacional. A vice-presidente Marta Lucía Ramírez anunciou este ano que os artefatos encontrados no naufrágio do San José seriam colocados em um museu, em nome do “orgulho da Colômbia, do Caribe e do mundo”.
Um decreto presidencial publicado em fevereiro estipula que empresas ou indivíduos que pretendam se envolver na extração do tesouro no navio terão de assinar um contrato com o governo e submeter às autoridades um inventário de suas descobertas, segundo noticiou a CBS News. Mas uma ordem judicial suspendeu a extração até que as questões jurídicas sejam resolvidas.
Duque afirmou na segunda-feira que o governo pretende desenvolver mecanismos sustentáveis de financiamento para exploração de naufrágios. As autoridades colombianas têm como objetivo localizar mais de uma dezena de naufrágios históricos com essa mesma tecnologia, acrescentou ele. /TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL