Colômbia vai às urnas para escolher Congresso

Governo colombiano montou forte aparato de segurança e fechou fronteiras.

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Por Hernando Salazar

Sob forte aparato policial, 30 milhões de eleitores podem votar neste domingo para eleger o novo Congresso da Colômbia e integrantes do Parlamento Andino (que monitora a Comunidade Andina) - além dos candidatos de dois partidos às eleições presidenciais de maio. O objetivo do esquema de segurança, que inclui o fechamento das fronteiras do país e policiamento de alta visibilidade nas principais cidades da Colômbia, é evitar sabotagens, irregularidades e ações violentas de grupos armados no país. O fechamento das fronteiras foi determinado pelas autoridades em reação às denúncias de que candidatos do partido de oposição Pólo Democrático Alternativo teriam pedido apoio em território venezuelano. Muitos colombianos vivem no país vizinho e têm dupla nacionalidade, o que lhes garante direitos eleitorais em ambos os países. "Queremos evitar a migração eleitoral", disse o ministro do Interior e Justiça, Fabio Valencia Cossio. Horas antes do início da votação, autoridades descobriram explosivos em um carro abandonado em Cáli, no sudoeste do país, e em casas no sul e no leste colombianos. Influência política Nas eleições deste domingo, estão em jogo 102 cadeiras no Senado, 166 na Câmara de Representantes e cinco no Parlamento Andino, além dos candidatos presidenciais dos partidos Verde e Conservador. Analistas dizem que o pleito será fundamental para medir a influência política dos diferentes grupos no país meses antes das eleições presidenciais de maio, nas quais o presidente Álvaro Uribe não poderá concorrer a um terceiro mandato, por decisão do Tribunal Constitucional colombiano. O veto da reeleição de Uribe deixou no ar a incógnita sobre como a bancada uribista do Congresso, que detém mais de 60% das cadeiras, se comportará. "Há quatro anos e há oito anos, as eleições para o Congresso foram decididas em boa parte pela figura de Uribe, que era candidato, mas agora não é", afirmou à BBC Elisabeth Ungar, diretora da organização não-governamental Transparência pela Colombia. Por isso, as expectativas sobre o resultado estão divididas. Divisão O político uribista Rodrigo Rivera disse à BBC que os partidos das situação devem conquistar mais vagas. "Há muita expectativa sobre quantos votos ganhará o Partido de la U (o principal aliado de Uribe) e o Partido Conservador", disse Rivera. Por outro lado, o analista Aurelio Suárez Montoya, do partido de oposição Pólo Democrático Alternativo, acredita que os uribistas perderão espaço. "É óbvio que estamos diante do declínio do uribismo", avaliou Suárez. Há também grandes expectativas sobre quem será escolhido candidato presidencial pelo Partido Conservador, a partir da consulta popular deste domingo. "Muitas pessoas de outros partidos políticos vão participar dessa consulta, para escolher entre a ex-chanceler Noemí Sanín e o ex-ministro Andrés Felipe Arias", disse Elisabeth Ungar. Favoritos Os dois nomes citados pela analista são os favoritos na disputa e representam facções opostas entre os conservadores: Sanín, que representou a Colômbia de Uribe na Espanha e na Grã-Bretanha, vem se distanciando do presidente, enquanto Arias se proclama herdeiro político de Uribe. "Sem dúvida, a decisão mais importante de hoje será a escolha do candidato conservador", opinou Ungar. O Partido Conservador já declarou que terá um candidato próprio já no primeiro turno, que tem como favorito um outro uribista, o ex-ministro Juan Manuel Santos, do Partido de la U. Muitos analistas, entretanto, acham que nenhum candidato presidencial vai conseguir mais de 50% dos votos nas eleições de maio. A expectativa é que cerca de 13 milhões dos 30 milhões de eleitores se apresentem para votar neste domingo, levando em conta os índices de abstenção tradicionais. Cerca de 2,5 mil candidatos disputam as vagas, entre políticos tradicionais, artistas, ex-sequestrados e representantes de minorias étnicas e sexuais. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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