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Com popularidade em baixa, Boric dará auxílio para 40% da população chilena

O governo pretende destinar um auxílio único de 120.000 pesos chilenos (R$ 651) para 7,5 milhões de pessoas frente a um aumento de 12,5% no custo de vida em 12 meses

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Por Redação
Atualização:

SANTIAGO - Em meio a maior inflação em 30 anos que vem comprometendo a popularidade do novo presidente, o governo do Chile anunciou na última segunda-feira, 11, um pacote de ajuda que deve beneficiar cerca de 40% da população do país. O pacote Chile Apoya de Invierno, que ainda precisa de aprovação do Congresso, pretende dar um auxílio único de 120.000 pesos chilenos (R$ 651) para 7,5 milhões de pessoas além de outras medidas que devem custar 1,2 bilhão de dólares.

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Segundo afirmou o ministro da Fazenda, Mario Marcel, durante anúncio do novo bônus em Santiago ao lado do presidente Gabriel Boric, o benefício incluirá 60% da população mais vulnerável do país, e 40% do total - de um país com 19 milhões de habitantes.

Além disso, os subsídios trabalhistas que já beneficiam cerca de 380.000 pessoas serão estendidos até o final do ano; e a licença parental pós-natal será estendida por 60 dias, o que beneficiará cerca de 15.000 mães e pais que a encerram em 30 de setembro.

O presidente Gabriel Boric fala durante um evento em Santiago onde anunciou uma série de ajudas econômicas que, se aprovadas no Parlamento, beneficiarão 7,5 milhões de pessoas Foto: Presidência do Chile via EFE

O presidente Boric sustentou que essas medidas devem ser aprovadas “o mais rápido possível” no Congresso. Porém, sem maioria e com uma popularidade em baixa, o presidente não tem vida fácil na casa legislativa.

O anúncio da medida também ocorre em meio à queda contínua da aprovação do governo, que atualmente está pouco acima de 30%. Seu governo acabou de completar quatro meses e já lida com uma inflação de 12,5% em 12 meses, a maior em três décadas, e o Banco Central do Chile projetou que o aumento dos preços internos se aprofundará nos próximos meses.

“O aumento do custo de vida colocou uma pressão extra sobre as famílias, tornando muito mais difícil passar o inverno. Como governo, não estamos indiferentes a isso e estamos a colocar todos os esforços para melhorar as condições de vida das pessoas no nosso país”, assegurou o presidente.

Preocupação com o custo das medidas

O ministro Marcel garantiu que o governo manterá sua responsabilidade fiscal ao destinar os fundos para as medidas recém-anunciadas. “Vamos destinar cerca de 1,2 bilhão de dólares para financiar as medidas”, disse, acrescentando que essas receitas sairão do tesouro público.

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“Esse apoio às famílias tem um custo significativo para o Estado, mas felizmente, como fomos responsáveis na gestão de nossas finanças, temos recursos que vamos poder dedicar a esse propósito, sem abandonar os objetivos de ser responsável na gestão das finanças públicas”, disse o ministro.

“Estamos respondendo à preocupação que a Comissão da Fazenda da Câmara dos Deputados nos transmitiu, principalmente quando levantaram a necessidade de algum tipo de apoio econômico para este inverno, dada a situação da inflação, o aumento do custo de vida, aumento nos preços de muitos produtos”, disse Marcel.

O ministro foi questionado se o novo pacote não teria um impacto negativo justamente na inflação que tenta amenizar. O que Marcel respondeu que “são números prudentes, números que por ordem de grandeza não terão impacto na demanda, isso é algo mais voltado para os setores que mais precisam e que nos permite garantir que não terá um impacto na inflação.”

“Hoje a inflação responde muito mais aos preços externos, refletidos nos alimentos, nos combustíveis, no aumento da taxa de câmbio, fatores que a afetam, mas o impacto na procura interna tem vindo a diminuir”, completou.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Mas setores econômicos veem as medidas com cautela. Ao jornal local La Tercera, economistas discordaram das afirmações do ministro, dizendo que algum efeito haverá na inflação. “Esse gasto vai para o consumo em sua totalidade, portanto, exercerá alguma pressão. É um valor que não é muito grande, equivale a 0,3% do PIB do ano, mas ainda é”, afirmou o economista Alejandro Fernández ao diário.

Em entrevista à agência Reuters, Marcel defendeu os subsídios às famílias, especialmente frente à desvalorização do peso chileno que teve uma queda de 15% no mês anterior e atingiu 1.000 pesos por dólar. Mas Boric reconheceu que a queda da moeda era preocupante, principalmente para os seus planos de uma reforma tributária que visa financiar suas promessas sociais de campanha.

O governo também busca ampliar sua apoio para a nova Constituição que está prevista para ser votada em 4 de setembro e visa substituir a Carta Magna do governo de Augusto Pinochet. O novo documento contém 388 artigos e 57 regras.

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Porém, as últimas pesquisas dão vantagem à “Rejeição”. A empresa Critérios mostrou que a dois meses do plebiscito, esta opção obteve 48%, contra 31% para “Aprovar”, enquanto 22% ainda não sabem em que vão votar. O pesquisador Cadem atribui 51% à opção “Rejeição”, 34% à opção “Aprovo” e 15% aos indecisos, enquanto o TuInfluyes.com concede 46%, 41% e 13% respectivamente./AFP

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