Enquanto países mais ricos enviam navios e aviões para resgatar seus cidadãos da violência na Líbia, uma nova crise de refugiados começa a tomar forma nos arredores de Trípoli, onde milhares de trabalhadores imigrantes da África Subsaariana estão isolados com um suprimento cada vez menor de água e comida, longe da ajuda internacional e com pouca esperança de escapar.Os imigrantes - que há muito constituem uma subclasse empobrecida na Líbia, sendo vários deles vindos ilegalmente de países como Gana e Nigéria - vivem em meio a pilhas de lixo, dormem em barracas improvisadas feitas com cobertores armados sobre cercas e árvores e respiram o odor de uma trincheira de excrementos que separa seu acampamento do estacionamento do aeroporto de Trípoli.Assim como dezenas de milhares de outros imigrantes africanos que tiveram a sorte de completar a travessia da fronteira com a Tunísia, os refugiados do aeroporto compreendem o contingente mais desesperado de um vasto êxodo que já levou mais de 200 mil estrangeiros a deixar o país desde o início da revolta popular contra o coronel Muamar Kadafi.Africanos dizem que a guerra na Líbia os colocou numa situação difícil. As forças policiais e as milícias leais a Kadafi roubam seu dinheiro, seus pertences e os chips de seus celulares, dizem os imigrantes. E os líbios que se opõem a Kadafi reagem contra os africanos porque eles são parecidos com os mercenários que teriam sido recrutados pelo ditador líbio para esmagar a revolta.Os estrangeiros da África Subsaariana compõem a grande maioria do 1,5 milhão de imigrantes ilegais que fazem parte da população líbia, de 6,5 milhões de habitantes. Eles estão presos no país em parte porque muitos não têm passaporte nem os outros documentos necessários para embarcar num avião e atravessar a fronteira.Eles dizem que têm medo de deixar o aeroporto ou tentar a sorte nas estradas que levam até a fronteira porque temem ser atacados por cidadãos líbios ou pelos milicianos nos postos de controle.Queixam-se amargamente de terem sido traídos por seus próprios governos, que se recusaram a ajudá-los. / NYT