A Coreia do Norte realizou um teste nuclear subterrâneo "bem sucedido", de acordo com a agência de notícias oficial KCNA. Um comunicado oficial lido na rádio estatal norte-coreana disse que mais um teste foi "conduzido com sucesso (...) como parte de medidas para aperfeiçoar a dissuasão nuclear defensiva da República". O teste "vai contribuir para salvaguardar a soberania do país, da nação e do socialismo". Segundo a KCNA, o artefato usado foi mais potente do que o usado para um teste anterior, em outubro de 2006. A US Geological Survey (instituto de pesquisa geológica dos Estados Unidos) disse que foi detectado um terremoto com 4,7 de magnitude às 00h54 GMT (21h54, hora de Brasília) a uma profundidade de 10 quilômetros. Tanto institutos geológicos dos Estados Unidos quanto da Coreia do Sul disseram que o tremor indica uma explosão nuclear, e o Ministério da Defesa da Rússia também confirmou a realização do teste. Poucas horas depois do teste, a agência de notícias sul-coreana Yonhap disse que a Coreia do Norte aparentemente realizou um outro teste, desta vez com um míssil de curto alcance. O governo norte-coreano não confirmou a informação da Yonhap. Conselho de Segurança O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que a ação norte-coreana é uma ameaça à paz internacional. O porta-voz do Ministério do Exterior do Japão, Kazuo Kodama, disse que seu país vai responder "de maneira responsável" nas Nações Unidas, mas não deu maiores detalhes. Diplomatas preparam uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas ainda nesta segunda-feira. A União Europeia qualificou o teste como "muito preocupante". O mercado de ações da Coreia do Sul registrou uma queda de 4%, refletindo temores de um aumento de tensões na região. Conversações A Coreia do Norte não deu detalhes da localização do teste nuclear. Mas representantes da Coreia do Sul disseram que o abalo sísmico foi detectado na região nordeste, perto da cidade de Kilju, onde os norte-coreanos realizaram o primeiro teste nuclear. No mês passado, Pyongyang retirou-se da conversação multilateral (envolvendo Estados Unidos, China, Japão, Rússia e as duas Coreias) sobre seu programa nuclear, em protesto contra a condenação internacional do lançamento de um foguete no dia 5 de abril. O governo norte-coreano disse que o foguete transportava um satélite, mas vários países acreditam que se tratou de um acobertamento para o teste de um míssil. As conversações multilaterais emperraram porque a Coreia do Norte não confirmou o fechamento da usina nuclear de Yongbyon. A Coreia do Norte concordou em desmantelar a usina como parte de um acordo que previa a concessão de ajuda internacional e, em resposta, os Estados Unidos retiraram a Coreia do Norte de sua lista de terrorismo. Segundo o correspondente da BBC em Seul, John Sudworth, a Coreia do Norte acredita agora que não tem obrigação de cumprir acordos bilaterais prévios com os Estados Unidos e acordos previstos nas conversações multilaterais. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.