Córrego perto de Buenos Aires fica vermelho ‘como um rio coberto de sangue’

Moradores manifestam preocupações sobre poluição; autoridades dizem que coloração pode ser resultado de ‘algum tipo de corante orgânico’

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Por Michael Levenson e Natalie Alcoba

Um córrego em um subúrbio de Buenos Aires, capital da Argentina, ficou vermelho brilhante nesta semana, levando moradores a expressarem preocupação de que produtos químicos industriais possam ser a causa.

Morafores de Sarandí, cerca de 10 quilômetros ao sul da capital, disseram a veículos de imprensa locais que substâncias químicas de várias fábricas e curtumes da região poderiam ter alterado a cor do córrego, que deságua no Río de la Plata, um importante corpo d'água entre Argentina e Uruguai.

Moradores de cidade próxima a Buenos Aires disseram que substâncias químicas de podem ter alterado a cor do córrego. Foto: Rodrigo Abd/AP

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Os rios da região têm um histórico de problemas de contaminação. A bacia do rio Matanza-Riachuelo, por exemplo, é considerada um dos cursos d'água mais poluídos da América Latina. As autoridades anunciaram grandes obras públicas para evitar que esgoto e resíduos industriais entrem na bacia.

O Ministério do Ambiente da Província de Buenos Aires disse, em um comunicado, que respondeu na manhã de quinta-feira a um relatório sobre a coloração avermelhada do córrego em Sarandí e coletou amostras de água para análise.

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Segundo a pasta, a coloração incomum poderia ter sido causada por “algum tipo de corante orgânico”. Uma porta-voz do ministério afirmou na sexta-feira que os resultados dos testes ainda não estavam disponíveis.

Maria Ducomls, que mora na região há mais de 30 anos, disse à agência de notícias France-Presse que percebeu que o córrego havia ficado vermelho depois de ser acordada por um cheiro forte. O jornal argentino La Nación descreveu o odor como “nauseante, semelhante ao de lixo”.

“Parecia um rio coberto de sangue”, disse Ducomls.

Ela contou que o córrego já havia apresentado outras cores estranhas ao longo dos anos — azulada, esverdeada, arroxeada, rosada — e que, às vezes, tinha uma camada oleosa na superfície. “É terrível”, afirmou, culpando a poluição pelas mudanças de cor.

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O Ministério do Ambiente da Província de Buenos Aires diz que coloração incomum poderia ter sido causada por “algum tipo de corante orgânico”. Foto: Rodrigo Abd/AP

Moira Zellner, professora de políticas públicas e assuntos urbanos na Universidade Northeastern, que cresceu em Buenos Aires e trabalhou como consultora ambiental em projetos de recuperação de rios e terrenos na cidade nos anos 1990, atribuiu os problemas de poluição da região à “crônica falta de regulamentação e fiscalização”.

“Infelizmente, não estou muito surpresa”, disse ela sobre a cor vermelha do córrego em Sarandí. “Há um longo histórico de poluição nos rios de Buenos Aires, e isso é realmente desolador. Sei que algumas populações que se estabeleceram ali estão sofrendo muito com as consequências.”

Carlos Colángelo, presidente do Conselho Profissional de Química da Província de Buenos Aires, disse ao portal de notícias Infobae que estava preocupado com a possibilidade de produtos químicos terem sido despejados no córrego.

“Temos que aguardar os resultados da análise, mas podemos dizer que uma empresa que teria despejado isso é totalmente inescrupulosa”, disse ele. “Não creio que sejam profissionais da área química, pois, sob nenhuma circunstância, teriam permitido que esse resíduo fosse lançado na água.”

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Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.