A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, criticou ontem a marcha que pressionará por resultados na investigação sobre a morte do promotor Alberto Nisman, marcada para o dia 18. "Eles querem nos irritar, mas não conseguirão", disse a presidente em discurso para a militância, na Casa Rosada.
No discurso, Cristina deu forte apoio ao ministro do Interior e Transportes, Florencio Randazzo, que vem ganhando espaço como pré-candidato governista a sucedê-la na eleição de outubro. Ele é acusado pelo lobby que defende os fundos abutres de enriquecimento ilícito.
Ontem, Cristina anunciou investimentos de US$ 14 milhões na construção de escolas, em uma tentativa de desviar a atenção do caso Nisman, morto quatro dias depois de acusar a presidente, o chanceler Héctor Timerman e outros dirigentes de proteger funcionários iranianos indiciados por participação no atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) em 1994.
Na quarta-feira, a morte do promotor fará um mês. Neste período, Cristina disse primeiro acreditar em suicídio. Diante da repercussão negativa - 72% dos argentinos creem que ele não se matou -, passou a dizer que se tratava de um homicídio com intenção de prejudicá-la.
Em um dia em que as investigações não avançaram, a maior repercussão sobre o tema veio ontem de uma entrevista do chanceler ao jornal The Washington Post. "Quem ganha com Nisman morto? Nem a presidente nem eu", afirmou Timerman. "Não vou jogar minha história, a da minha família, do meu governo, de meus amigos que morreram durante a ditadura pela janela. Não farei isso. Para quê? Para conseguir petróleo?"
Amanhã deve ser anunciado o grupo que substituirá Nisman à frente do caso Amia. Representantes do governo ameaçaram veladamente juízes e promotores que participem da marcha do dia 18, quando será conhecido o resultado do exame toxicológico feito no corpo do promotor.