TEL-AVIV - As três primeiras reféns libertadas pelo grupo terrorista Hamas neste domingo, 19, chegaram a Israel à tarde (horário de Brasília) e foram recebidas por suas famílias. Elas foram liberadas conforme o acordo de cessar-fogo assinado com o governo de Israel. São elas Romi Gonen, Emily Damari e Doron Steinbrecher. Ao todo, 33 reféns devem ser libertados na primeira fase do acordo.
As reféns foram recebidas por equipes da Cruz Vermelha em uma praça da Faixa de Gaza e seguiram para um um centro de recepção nas proximidades do kibutz de Reim, no sul de Israel, onde reencontraram com suas mães. Logo após, elas foram levadas de helicóptero para um hospital.

Nas fotos divulgadas pelo exército de Israel, as mulheres aparecem abraçando suas mães e conversando. Emily Damari abraçou sua mãe e, em uma videochamada com seu irmão, mostrou uma mão enfaixada. Seegundo o Exército, ela perdeu dois dedos no ataque que desencadeou a guerra. Merav Leshem Gonen embalou sua filha Romi. E Doron Steinbrecher reencontrou sua mãe, Simona, e conversaram emocionadas.

Segundo as autoridades, as reféns e suas mães chegaram a um hospital no centro de Israel, onde se reunirão com o resto da família e receberão tratamento médico. De acordo com informações preliminares, as reféns devem permanecer no hospital por alguns dias. Todos as reféns conseguiram andar por conta própria, apesar das preocupações sobre suas condições.

Do lado de fora do hospital, centenas de pessoas dançaram e aplaudiram para dar as boas-vindas. Em Tel-Aviv, houve gritos e comemorações na praça dos reféns quando a soltura foi confirmada. Elas foram as primeiras reféns a voltar para a liberdade desde um acordo inicial costurado por Israel e Hamas no fim de 2023.
A trégua, que começou com um atraso de quase três horas porque o Hamas demorou em divulgar o nome das reféns que seriam libertadas, está sendo respeitada. Caminhões de ajuda humanitária estão entrando em Gaza pela fronteira com o Egito e cerca de 90 prisioneiros palestinos devem ser libertados hoje na Cisjordânia por Israel, a maioria mulheres e crianças.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse no domingo que as três reféns libertadas no domingo durante o acordo de trégua em Gaza passaram por um inferno.
“Eu sei, todos nós sabemos, que eles passaram por um inferno. Eles estão saindo da escuridão para a luz, da escravidão para a liberdade”, disse ele durante uma ligação telefônica com Gal Hirsch, que é responsável pela questão dos reféns em seu gabinete.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, comemorou neste domingo (19) o cessar-fogo entre Israel e o Hamas em Gaza, e afirmou que a região do Oriente Médio passou por uma “transformação fundamental”.
“Depois de tanta dor, morte e perda de vidas, hoje as armas em Gaza estão em silêncio”, disse o presidente em fim de mandato durante uma visita ao estado da Carolina do Sul, horas após a trégua entrar em vigor.
O conflito se arrasta há 15 meses, desde 7 de outubro de 2023, quando um ataque do Hamas matou cerca de 1,2 mil pessoas e rendeu 251 reféns. Desde o início da ofensiva israelense contra os terroristas, mais de 46 mil palestinos foram mortos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, que não distingue civis de combatentes.
O governo de Netanyahu aprovou o acordo na madrugada do sábado, 18, horário local, após reunião que durou horas, ultrapassando o início do Sabbat (sábado judaico), em que o governo geralmente interrompe todas as atividades, exceto em casos de emergência.
Mediado por Estados Unidos, Catar e Egito, o cessar-fogo é a segunda trégua no conflito e teve a aprovação de 24 ministros israelenses e oito votos contrários.

Veja a seguir o que foi estabelecido na proposta de cessar-fogo:
Primeira fase
A primeira etapa do cessar-fogo tem previsão de 42 dias. Durante esse período, o Hamas se comprometeu a liberar 33 reféns israelenses. Entre eles estariam pelo menos cinco soldados, além de mulheres, crianças, idosos e doentes.
Informações iniciais dão conta de que Israel se comprometeu a libertar 30 prisioneiros para cada refém civil e 50 para cada refém militar. A lista de prisioneiros inclui terroristas condenados que estão cumprindo prisão perpétua. Em comunicado, o Ministério da Justiça de Israel afirmou que o previsto é liberar cerca de 737 prisioneiros.
Ao final da primeira fase, a expectativa é de que todos os reféns civis - vivos ou mortos - terão sido libertados. Todas as mulheres e menores de 19 anos detidos por Israel serão libertados nesta fase, segundo o acordo.
O acordo também prevê que todos os prisioneiros palestinos condenados por ataques letais sejam exilados em Gaza ou no exterior, sendo proibidos de retornar a Israel ou à Cisjordânia. O documento indica que alguns terão que se exilar por três anos, enquanto outros de forma permanente.
Durante esse período também é esperado ainda que as forças israelenses se afastem de áreas mais densamente povoadas da Faixa de Gaza, permitindo o retorno de civis deslocados e aumento da ajuda humanitária.
A previsão é que aproximadamente 600 caminhões por dia entrem no território, dando alívio para a crise humanitária que devasta a região.
Segunda fase
Os detalhes da segunda fase serão negociados ao longo da primeira. As previsões apontam que, a partir do 16º dia de cessar-fogo, as partes comecem as negociações para uma declaração de “cessação permanente das hostilidades”.
Nessa etapa, o Hamas deve liberar o restante dos reféns em troca de mais prisioneiros palestinos. Os números ainda não estão definidos. Das 251 pessoas sequestradas pelo Hamas, 94 ainda estão como reféns em Gaza, das quais 34 morreram, de acordo com o Exército de Israel.
Essa etapa prevê ainda a retirada das forças israelenses da Faixa de Gaza. Durante meses, o Hamas exigiu que Israel se comprometesse a encerrar a guerra, mas o país resiste.
Terceira fase
Na última etapa do acordo, o Hamas entregaria os corpos dos reféns israelenses mortos na Faixa de Gaza.
Nessa fase, está prevista a implementação de um plano, supervisionado pela comunidade internacional, para reconstruir a Faixa de Gaza dentro de três a cinco anos. No entanto, de acordo com estimativas da ONU, a reconstrução total pode levar mais de 350 anos se o bloqueio permanecer.
Os bombardeios israelenses e as operações terrestres transformaram bairros inteiros de várias cidades em terrenos baldios cobertos de entulho, com cascas enegrecidas de edifícios e montes de detritos se estendendo em todas as direções.
As principais estradas foram danificadas. A infraestrutura crítica de água e eletricidade está em ruínas. A maioria dos hospitais do enclave não funciona mais. /COM AP
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