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Cuba aceita dialogar com Espanha sobre direitos humanos

Governos europeus criticam o regime cubano por reprimir dissidentes, os quais Havana afirma se tratarem de "mercenários" pagos pelos EUA

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Por Agencia Estado
Atualização:

No primeiro dia da visita oficial a Cuba do ministro de Assuntos Exteriores espanhol, Miguel Ángel Moratinos, o governo cubano se mostrou disposto a falar com a Espanha sobre direitos humanos, um dos temas mais delicados para as autoridades da ilha. O ministro dá um possível primeiro passo na direção do restabelecimento de relações entre a ilha e a União Européia, congeladas desde a disputa de 2003 pela prisão de dissidentes. Ele se encontrará nesta terça-feira, 3, com o presidente interino, Raúl Castro, que assumiu o governo em julho, depois que Fidel passou por cirurgia intestinal. Na última segunda-feira, 2, Moratinos encontrou-se com o Ministro das Relações Exteriores de Cuba, Felipe Pérez Roque, que afirmou que a visita abriu "um novo caminho" nas relações entre Cuba e Espanha, e possivelmente com a UE. Ele também disse que poderá haver cooperação na área de direitos humanos. "Ampliamos o tema, e estamos fazendo progresso para estabelecer um mecanismo permanente e formal de diálogo político, que não exclui o assunto de cooperação internacional para promover direitos humanos", disse Pérez Roque a repórteres durante recepção na residência do embaixador espanhol. O chanceler cubano, Felipe Pérez Roque, disse na segunda-feira à noite que "Cuba está disposta" a falar com a Espanha sobre direitos humanos "neste momento". Críticas européias Cuba também pediu à União Européia (UE) que flexibilize sua postura e siga o "exemplo" do governo espanhol para dialogar sem Imposições. Governos europeus e grupos de direitos humanos criticam o regime cubano por casos de direitos humanos e por reprimir dissidentes. Havana afirma que a pequena e dividida dissidência de Cuba é feita de "mercenários" pagos pelo governo dos Estados Unidos. O ministro cubano mencionou a possibilidade de estabelecer um "mecanismo permanente e formal de diálogo político que não exclui o tema da cooperação internacional para a promoção dos direitos Humanos". Além disso, para Roque, é hora de reabrir a comunicação. No caso da União Européia, o ministro afirmou que o diálogo depende da eliminação definitiva da chamada "posição comum" e das sanções políticas impostas a Cuba após a crise de 2003. "Queremos também que haja um relacionamento entre a UE e Cuba." Espanha Os esforços do governo do socialista José Luis Rodríguez Zapatero para promover o diálogo com Cuba e a viagem de Moratinos transformaram a Espanha em um "interlocutor privilegiado" de Cuba com a União Européia, nas palavras de Pérez Roque. "Com a Espanha há outra aproximação. O governo espanhol teve uma posição de liderança na busca de um diálogo respeitoso e sério com Cuba, e nós achamos que é nosso dever empreender um caminho de diálogo com a Espanha. Com a UE ainda não há condições", afirmou. "É absolutamente impensável que a Espanha...não possa manter, defender e desenvolver uma política intensa, construtiva e comunicativa com autoridades cubanas", afirmou. Cuba acusa o ex-primeiro-ministro espanhol José María Aznar (conservador) de estimular o endurecimento da política da UE com o país em protesto contra a execução de três seqüestradores e as penas impostas a 75 dissidentes em 2003. A visita de Moratinos representa "uma importante retificação e abre um novo caminho", afirmou o ministro cubano, que participou de uma recepção oferecida pela Embaixada da Espanha.

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