Curdos expulsam Estado Islâmico de 14 cidades cristãs na Síria

Milícias recuperaram, entre outros locais, a estratégica cidade de Mabruk, na fronteira com a Província de Raqqa, onde ficam as principais estruturas do EI na região

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

BEIRUTE - As forças curdas expulsaram os jihadistas do Estado Islâmico (EI) de 14 localidades cristãs assírias na Província de Hasaka, no nordeste da Síria, que eram controladas pelo grupo desde fevereiro, informou nesta quarta-feira, 27, o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

"Ao fim de uma ofensiva de 10 dias, os combatentes curdos assumiram o controle, no início da semana, das 14 localidades assírias que o grupo EI controlava", afirmou Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH.

Militantes do Estado Islâmico pintam praça em Raqqa, uma das sedes do grupo na Síria Foto: AP

PUBLICIDADE

A ONG afirmou que as Unidades de Proteção do Povo - milícias curdo-sírias - tomaram a estratégica cidade de Mabruk, situada ao sudoeste da cidade de Ras al-Ain, que era controlada pelos extremistas. Em Mabruk, na fronteira com a província síria de Raqqa, está um dos quartéis do EI na região.

Com a conquista desta região, os soldados curdos abrem caminho para progredir em direção a Tel Abiad, entre Raqqa e a Turquia. Os curdos e seus aliados iniciaram há 10 dias uma ofensiva para expulsar os radicais de várias áreas de Hasaka.

Publicidade

Atualmente, as Unidades de Proteção do Povo dominam uma área que se estende desde a periferia de Ras al-Ain até os arredores de Tel Tamr, Mabruk e o monte Abdelaziz. O progresso dos curdos por terra foi acompanhado dos bombardeios da coalizão internacional, liderada pelos Estados Unidos, contra posições do EI. Em meados de maio, pelo menos 170 radicais foram mortos pelos ataques aéreos nas proximidades de Tel Tamr. 

De acordo com Osama Edward, diretor da Rede Assíria dos Direitos Humanos, com sede em Estocolmo, "o controle das cidades por parte dos curdos aconteceu após violentos bombardeios da coalizão internacional" antijihadista liderada pelos Estados Unidos, apesar dos extremistas terem 210 assírios como reféns.

Em 23 de fevereiro, o EI iniciou uma ofensiva de conquista da região de Jadur, onde há 25 cidades assírias, e os jihadistas assumiram desde então o controle de 14 delas, o que provocou a fuga de mais de 5.000 pessoas. Esta minoria, uma das mais antigas convertidas ao cristianismo, está representada por 30.000 pessoas na Síria, o que representa 2,5% dos 1,2 milhão de cristãos do país.

Os assírios são maioria em 35 cidades da província de Hasake, nordeste do país, atualmente sob poder das forças curdas e, em alguns casos, do regime do presidente Bashar Assad.

Publicidade

Reféns. Além da conquista territorial dos curdos, o OSDH afirmou nesta quarta-feira que duas cristãs foram libertadas na noite de terça por motivos de saúde após serem sequestradas no final de fevereiro pelo EI junto a mais de duas centenas de pessoas em Hasaka.

Ambas foram capturadas em 23 de fevereiro durante ação dos jihadistas contra vários povoados de maioria assíria, um grupo étnico de credo cristão, perto de Tel Tamr. Após sua captura, foram transferidas com os outros sequestrados às zonas sob o controle do EI no monte Abdelaziz, antes que os radicais fossem expulsos pelas forças curdas.

O retrocesso dos jihadistas frente aos curdos em Hasaka ocorre ao mesmo tempo em que o EI avança pela província central síria de Homs contra o Exército de Assad. / AFP e EFE

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.