WASHINGTON - O Departamento de Estado americano planeja designar oito grupos criminosos da América Latina como organizações terroristas, seguindo a ordem do presidente Donald Trump.
A lista, confirmada por autoridades americanas que falaram sob condição de anonimato, atende ao decreto assinado por Trump no dia da posse, determinando que os carteis fossem classificados como organizações terroristas.
A ordem do presidente citava especificamente o Tren de Aragua, da Venezuela, e a Mara Salvatrucha, ou MS-13, gangue fundada por imigrantes salvadorenhos nos Estados Unidos, que tem papel menor no tráfico transnacional de drogas.

Além desses, o Departamento de Estado pretende designar como organização terrorista o Clan del Golfo, da Colômbia, e cinco carteis mexicanos. São eles: o Cartel de Sinaloa, o Cartel Jalisco Nova Geração, o Cartel do Nordeste, a Família Michoacana e os Cartéis Unidos. A lista ainda pode sofrer alterações até o anúncio, segundo autoridades americanas.
O Clan del Golfo tem trabalhado há mais de duas décadas com cartéis mexicanos, fornecendo cocaína para ser contrabandeada para os Estados Unidos. Com a queda no preço da droga, o cartel expandiu agressivamente suas operações de tráfico de migrantes para compensar as perdas financeiras.
Uma autoridade americana com conhecimento sobre a lista disse que o Clan del Golfo provavelmente foi incluído pelo seu envolvimento no tráfico de imigrantes que cruzam o estreito de Darién rumo aos Estados Unidos. A selva localizada entre Colômbia e Panamá é a única passagem por terra da América do Sul à América do Norte.
A lista deveria ter sido concluída na semana passada, mas o debate sobre incluir grupos criminosos envolvidos no tráfico de imigrantes teria contribuído para o atraso. No decreto, assinado em 20 de janeiro, o presidente ordenava que o secretário de Estado, Marco Rubio, fizesse a recomendação para designar os carteis como organizações terroristas no prazo de 14 dias.
O documento afirma que os carteis representam uma ameaça para a segurança dos EUA, que vai além do crime organizado tradicional. “A campanha de violência e terror”, diz o documento, “desestabilizou países com importância significativa para nossos interesses nacionais, mas também inundou os Estados Unidos com drogas mortais, criminosos violentos e gangues cruéis”.
Leia também
Autoridades mexicanas têm negociado há meses com o governo Trump na tentativa de evitar a classificação de terrorista para os carteis que operam no país. Dos oito grupos criminosos que devem ser designados, cindo são do México. Isso inclui os cartéis de Sinaloa e Jalisco Nova Geração, que dominam grande parte do tráfico de fentanil.
O governo do México tem se mostrado disposto a trabalhar com os Estados Unidos para conter o crime organizado, mas teme o impacto que a designação dos cartéis como terroristas pode ter desde o turismo ao número de estudantes que fazem intercâmbio em suas universidades.
A classificação poderia inda dar margem para uma ação militar dos Estados Unidos no México. Trump chegou a cogitar essa possibilidade durante o seu primeiro mandato, mas foi dissuadido./COM NY TIMES