CARACAS - O opositor venezuelano Leopoldo López, líder do partido Voluntad Popular, suspendeu nesta terça-feira, 23, sua greve de fome na prisão, depois de 30 dias, em protesto por sua condição, anunciou através de uma carta, um dia após as autoridades eleitorais fixarem a data das legislativas, outra de suas exigências.
"A vocês, irmãos e irmãs, peço com o coração na mão que assumamos com humildade as conquistas obtidas neste protesto e que juntos, todos, levantemos a greve de fome", leu sua esposa Lilian Tintori em um breve pronunciamento em um hotel no leste de Caracas.

"Vamos suspender a greve, mas a luta continua", disse López em uma carta escrita de próprio punho e dirigida aos 104 grevistas que o acompanham em seu protesto.
Desde 24 de maio, Leopoldo López, líder da ala radical da oposição, mantinha uma greve de fome como mecanismo de pressão para que a data das eleições fosse definida, entre outras reivindicações.
À greve de López, economista formado em Harvard e detido há 16 meses em uma prisão militar acusado de incitar a violência em protestos antigovernamentais em 2014, foram se somando recentemente dezenas de ativistas.
Com seu anúncio na segunda-feira de que as eleições serão realizadas no dia 6 de dezembro, a presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena, colocou fim às exigências da oposição e de políticos estrangeiros, que diziam que o atraso na publicação do cronograma eleitoral era parte de uma estratégia governista.
"A Venezuela já tem data para a mudança. Faz 30 dias que assumi a responsabilidade de iniciar uma greve de fome. Tivemos avanços, mas há caminho a percorrer nesta luta para conquistar a democracia", afirmou López na carta.
O opositor reconheceu como "muito significativos" os pronunciamentos da União de Nações Sul-americanas (Unasul), da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da União Europeia (UE) e disse que "representam um claro compromisso com a democracia na Venezuela".
Além disso, ele afirmou confiar que "nas próximas horas se honre o compromisso da Defensoria Pública, da procuradoria e da Corte Suprema de Justiça da pronta libertação dos que estão injustamente presos". /AFP e EFE