Dissidente cubano é premiado pela UE

Fariñas, que já passou 11 anos na prisão e fez 23 greves de fome, receberá o prêmio Sakharov de direitos humanos por sua luta contra o regime

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ESTRASBURGO, FRANÇAO dissidente cubano Guillermo Fariñas foi nomeado ontem ganhador do Prêmio Sakharov de direitos humanos pelo Parlamento Europeu. Ele já passou 11 anos na prisão e fez 23 greves de fome contra o regime. Fariñas é considerado um ícone da luta por liberdade e democracia e sua escolha este ano reforça a desaprovação da União Europeia à política de direitos humanos de Cuba.Esta é a terceira vez que o prêmio é conferido a um dissidente cubano - antes de Fariñas, Oswaldo Payá, que levou adiante uma campanha de assinaturas por reformas democráticas, foi escolhido em 2002. Depois dele, as Damas de Branco foram premiadas em 2005 por sua luta pela libertação dos presos políticos da ilha. Na última greve de fome, Fariñas, jornalista e psicólogo de 48 anos, ficou 135 dias sem comer em solidariedade a outro dissidente, Orlando Zapata, que morreu em 24 de fevereiro, depois de passar 86 dias sem ingerir nenhum alimento."Fariñas é um dissidente político que se mostrou disposto a se sacrificar e pôr em risco sua saúde e sua vida como forma de pressionar por mudanças em Cuba", disse o presidente do Parlamento Europeu, Jerzy Buzek, ao anunciar o nome do premiado. "Ele recorreu a greves de fome para protestar e desafiar a falta de liberdade de expressão em Cuba, carregando a esperança de todos aqueles que se importam com a liberdade, os direitos humanos e a democracia.""Essa é uma mensagem aos governantes cubanos, mostrando que já é hora de haver democracia e liberdade de consciência e expressão em Cuba", disse Fariñas, em Santa Clara, a 270 quilômetros de Havana, onde é mantido em prisão domiciliar. "Esse é um prêmio para todo o povo cubano, que há 50 anos está lutando para sair da ditadura."O governo americano - que há 50 anos impõe um embargo econômico à ilha - felicitou o dissidente: "Fariñas tem sido um valente defensor da liberdade de expressão e da democracia em Cuba, além de um ativista que pressiona pela libertação dos presos políticos." O Prêmio Sakharov - que também prevê o pagamento US$ 70 mil - será entregue em 15 de dezembro, em Estrasburgo, na França. Até agora, Cuba não autorizou as Damas de Branco a viajar para receber o prêmio. / REUTERS, AP e EFE

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