O presidente Donald Trump assinou na quinta-feira, 6, uma ordem executiva com o objetivo de erradicar o “viés anticristão” no governo federal, instruindo as agências a revisarem políticas e práticas que, segundo ele, tentaram suprimir atividades e ativismo religiosos.
Trump, que anunciou a ordem durante o Café da Manhã Nacional de Oração, nomeou sua nova procuradora-geral, Pam Bondi, para liderar uma força-tarefa no Departamento de Justiça para comandar a iniciativa. Ele afirmou que o grupo “processaria totalmente a violência e o vandalismo anticristãos em nossa sociedade” e “movimentaria céus e terra para defender os direitos dos cristãos e crentes religiosos em todo o país”.
“Vocês nunca tiveram isso antes, mas este é um documento muito poderoso que estou assinando”, disse Trump. “Agora vocês têm — é a primeira vez que acontece. Se não tivermos liberdade religiosa, então não temos um país livre. Provavelmente, nem mesmo temos um país.”
A ordem executiva pretende reverter o que chama de “padrão flagrante de perseguição contra cristãos pacíficos, enquanto ignora crimes violentos anticristãos” sob o governo do presidente Joe Biden. O documento citou as condenações de manifestantes antiaborto por bloquearem o acesso a clínicas de aborto.

Críticos afirmam que a ordem e a força-tarefa distorcem o entendimento tradicional da liberdade religiosa nos Estados Unidos, estabelecido pela Primeira Emenda e reforçado por décadas de leis e decisões da Suprema Corte, ao destacar uma religião específica.
“Em vez de proteger crenças religiosas, essa força-tarefa usará a liberdade religiosa para justificar intolerância, discriminação e a subversão das nossas leis de direitos civis”, disse Rachel Laser, presidente da organização Americans United for Separation of Church and State (Americanos Unidos pela Separação entre Igreja e Estado, em português), em um comunicado.
“Se Trump realmente se importasse com liberdade religiosa e o fim da perseguição religiosa, ele estaria lidando com o antissemitismo em seu círculo íntimo, a intolerância contra muçulmanos, crimes de ódio contra pessoas negras e outras minorias religiosas”, acrescentou Rachel.
Trump também afirmou que criaria uma nova comissão presidencial sobre liberdade religiosa, chamando-a de “algo muito importante”. Além disso, ele planeja estabelecer um novo escritório de fé na Casa Branca, liderado pela reverenda Paula White, uma televangelista e assessora religiosa de longa data do ex-presidente, cuja interpretação populista do Evangelho tem gerado divisões entre cristãos.
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Durante seu discurso na quinta-feira, Trump criticou a condenação de Paulette Harlow, uma ativista antiaborto que participou do evento. Harlow foi sentenciada à prisão em maio por bloquear o acesso a uma clínica de aborto. Trump concedeu perdão a ela e a outros manifestantes antiaborto poucos dias após assumir o cargo.
Trump acusou o Departamento de Justiça, a Receita Federal dos EUA (IRS) e o FBI de serem os principais responsáveis pela perseguição religiosa, repetindo alegações frequentes de conservadores de que o governo Biden usou essas agências para promover uma agenda contra cristãos conservadores.
Parlamentares republicanos reclamaram especialmente de um memorando de 2023 emitido pelo escritório do FBI em Richmond, Virgínia, que sugeria que extremistas de extrema direita poderiam ser atraídos para igrejas ou grupos católicos. O caso levou a uma audiência acalorada com o diretor do FBI.
O FBI há décadas trabalha para desenvolver informantes em igrejas, universidades e mesquitas, mas republicanos argumentaram que o memorando de Richmond demonstrava um direcionamento contra católicos. O FBI retirou o memorando e uma investigação interna não encontrou evidências de “intenção maliciosa” por trás dele.
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