Egito terá comitê para reforma constitucional, diz TV Estatal

Representantes do governo se reuniram com figuras chave da oposição no 13º dia de protestos no Cairo.

PUBLICIDADE

Por BBC Brasil

Manifestantes continuam ocupando a Praça Tahrir, no centro do Cairo O governo egípcio e a oposição concordaram em criar um comitê para estudar reformas constitucionais, segundo noticiou a TV Estatal no país. A decisão - tomada no 13º dia de protestos pedindo a renúncia do presidente Hosni Mubarak - foi anunciada após encontros entre o vice-presidente Omar Suleiman e importantes membros da oposição, incluindo a Irmandade Muçulmana e integrantes dos partidos Wafd e Tagammu. Esta foi a primeira vez que representantes do governo e da Irmandade, uma organização oficialmente declarada ilegal no Egito, sentaram-se à mesa de negociações, mas o anúncio da criação do comitê ainda não foi confirmado pela oposição. Reunião Segundo o correspondente da BBC no Cairo Jon Leyne, havia uma ampla gama de representantes da oposição na reunião deste domingo, além de importantes figuras no país, como o empresário Naguib Sawiris. A TV Estatal afirmou que ficou acertada a criação de um comitê formado por juristas e figuras políticas incumbidos de sugerir mudanças constitucionais. Os participantes também teriam condenado a interferência externa na resolução da crise no Egito e teriam dito que irão trabalhar por uma transição de poder pacífica. Convite Na semana passada, o recém-nomeado vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, convidou grupos de oposição, incluindo a Irmandade Muçulmana, para discutir reformas políticas antes das eleições em setembro, alertando a Irmandade Muçulmana de que se tratava de uma "oportunidade valiosa". Anteriormente, o grupo oposicionista condicionava qualquer negociação à renúncia imediata do presidente Mubarak. O grupo disse que as conversas deste domingo serviriam para avaliar se o governo estava preparado para a implementação de reformas políticas imediatas. Economia Apesar das quase duas semanas de protestos nas ruas do Cairo e de outras grandes cidades do país, o presidente Hosni Mubarak - no poder desde 1981 - afirmou que não renunciará, mas prometeu não concorrer à reeleição. Mubarak já responsabilizou a Irmandade Muçulmana pela organização das manifestações e afirma que se ele deixar o cargo, o grupo vai se aproveitar do caos político que se instalará. O correspondente da BBC no Cairo Jon Leyne diz que a Irmandade é sem dúvida uma força importante no Egito, mas sofre divisões internas e não apresenta intenções claras, apesar de negar que tenha o objetivo de criar um Estado Islâmico no país. Neste domingo, os bancos reabriram após uma semana fechados e longas filas se formaram entre 10 da manhã e 13h30, horário em que os estabelecimentos funcionaram. Devido a temores de que a população tente sacar o dinheiro depositado em contas, o Banco Central decidiu liberar parte de suas reservas de US$ 36 bilhões para cobrir as possíveis retiradas, mas o presidente da instituição diz acreditar que todas as transações "serão honradas". O governo tenta reanimar a economia do país, que estaria perdendo pelo menos US$ 310 milhões por dia devido à crise no país. Os turistas sumiram do Egito e muitas lojas, fábricas e até a bolsa de valores estão fechadas há dias. Muitos produtos básicos estão em falta. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para cadastrados.