ENVIADA ESPECIAL A BOGOTÁ - A Colômbia despertou nesta quinta-feira, 16, com a expectativa de finalmente assistir a um debate entre os candidatos presidenciais Gustavo Petro e Rodolfo Hernández. Na terça-feira, uma corte colombiana havia decidido que um debate deveria ocorrer até a noite desta quinta para que toda a população tivesse a oportunidade de conhecer os candidatos e suas ideias para o país. Agora, os dois candidatos aceitaram se encontrar.
Petro pouco depois respondeu que estava pronto para participar de qualquer debate frente a frente, mas Hernández, conhecido como ‘rei do Tik Tok’, afirmou ao longo da campanha que não estaria presente e demorou a responder à ordem da corte.
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O tribunal tomou a decisão após avaliar um recurso interposto por um grupo de advogados que exige que Hernández concorde com um encontro com o senador e ex-guerrilheiro. Os debates são “um direito do candidato de expor suas ideias, mas ao mesmo tempo um dever para com o conglomerado social”, acrescenta o documento do tribunal.
Na noite de quarta-feira, Hernández sinalizou que estaria disposto a participar do encontro, mas que, antes, precisava de alguns esclarecimentos judiciais sobre o que considerou dúbio na decisão, citando posicionamento do Conselho Nacional Eleitoral de que “a norma não estabelece que tal atividade (debate) seja de caráter obrigatório, assim que solicitar ao candidato presidencial comparecer a eles (debates) não tem fundamentação alguma.”
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“o senhor madrugou para dizer que estava pronto para o debate, mas fiel ao seu estilo, omitiu precisar como, quando, onde, com quem, para quê e mil detalhes que são necessários”, Hernández disse a Petro.
A decisão judicial determina que os dois candidatos entrem em acordo sobre a forma do debate e ele seja transmitido pelo sistema público de comunicação.
Condições
Hernández então, na manhã desta quinta, divulgou um comunicado por meio de suas redes afirmando que aceitava o debate e colocou suas exigências. Entre elas, que o encontro fosse realizado em Bucaramanga, elencou os temas que queria tratar e alguns apresentadores que queria ter presente.
Em uma entrevista à rádio RTVC, Petro aceitou as condições. “Pode colocar as condições que ele tenha vontade, eu não tenho nenhum problema para realizar o debate. Não tenho nenhum problema em Bucaramanga, tenho muitos amigos lá. Que ele escolha o local que quiser e nós vamos.”
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Petro, no entanto, criticou a condição de impor os temas e as jornalistas que deveriam conduzir o debate. Em seu comunicado, Hernández aponta 20 temas que gostaria de abordar, entre eles cita “campanha suja para difamar os candidatos políticos, alianças políticas dos candidatos, fontes de financiamento das campanhas”, entre outros.
E ainda propõe o nome de três jornalistas mulheres que gostaria que conduzisse os debates: Vicky Dávila, Darcy Quinn, Jesica de la Peña, mais “três homens que escolhemos de comum acordo”.
Em entrevista à RTVC, Petro disse que Hernández estava escolhendo “jornalistas amigas”. Por meio de comunicado, ele rechaçou a determinação de temas. “Eu não ponho condições a este debate. Nenhuma. Deixo nas mãos do Sistemas de Medios Públicos RTVC todos os detalhes do debate: desde as moderadoras, até os temas, inclusive aqueles que você propõe”.
Mais tarde, em um tuíte, Petro afirmou que “o debate deve ser sem condições à imprensa, que perguntem o que queiram”.
Agora, é preciso esperar para que os detalhes sejam acertados e, enfim, saber se o debate vai ocorrer.
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Em busca dos indecisos
A justificativa de Hernández para não querer participar de debates é por considerá-los “polarizantes e odiosos”. O empresário tem apostado em suas redes sociais para divulgar suas propostas de governo - e também se “retificar” de declarações polêmicas feitas no passado, como contra as mulheres trabalharem fora.
Mostrando as forças dessas mesmas redes sociais, Hernández surpreendeu ao ir ao segundo turno com 28% dos votos, desbancando o candidato da direita tradicional Federico Gutiérrez, representante das elites políticas do país.
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Mas agora, tanto Petro quanto Hernández precisam convencer um enorme contingente de eleitores indecisos, que veem com suspeita um presidente com passado guerrilheiro assim como um desconhecido que usa a plataforma da anticorrupção ao mesmo tempo que é investigado por irregularidades.
A abstenção nestas eleições gira em torno de 45% dos eleitores, a maioria de jovens. Conquistar este eleitorado será fundamental para a definição do vencedor, já que os ambos os candidatos são projetados em empate técnico nas últimas pesquisas de intenção de votos./Com informações da AFP
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