Em lockdown para conter a Ômicron, Xangai tem escassez de alimentos

Estabelecimentos estão fechados devido ao lockdown imposto na cidade há duas semanas; com menos alimentos, preços sobem e moradores precisam se organizar para fazer compras coletivas

PUBLICIDADE

Por Redação
Atualização:
2 min de leitura

Moradores de Xangai, na China, estão com dificuldades de comprar alimentos, remédios e outros itens essenciais enquanto a cidade está sob um lockdown, decretado há cerca de duas semanas para conter o avanço da variante Ômicron do coronavírus. Inicialmente, a restrição duraria 10 dias, mas foi estendida para um período indefinido esta semana. Apesar disso, o avanço da covid-19 continua e nesta sexta-feira, 8, a cidade registrou um recorde de 21 mil novos casos.

As autoridades de Xangai, que conta com 26 milhões de habitantes, anunciaram inicialmente que a restrição terminaria no dia 5 de abril, mas o adiamento deixou muitos moradores da megalópole chinesa despreparados para ficarem indefinidamente confinados em casa enquanto há uma operação de testagem em massa. A cidade chegou nesta sexta-feira ao terceiro dia consecutivo de testes de covid-19 para rastrear e isolar novos casos. A maioria identificada são de assintomáticos.

As medidas restritivas fecharam algumas lojas de suprimentos e reduziram drasticamente o número de entregadores, segundo reportagem da Reuters. Os moradores começaram a ter dificuldades de comprar os suprimentos devido às dificuldades de encontrar estabelecimentos e o aumento de preço entre os que estão abertos.

Moradora e funcionário do serviço de saúde de Xangai são vistas em avenida da cidade nesta sexta-feira, 8. Megalópole está sob lockdown para conter casos de covid-19  Foto: EFE / EFE

Segundo uma reportagem do jornal britânico The Guardian, circulam mensagens na plataforma Weibo (semelhante ao Twitter) onde os moradores reclamam da falta de comida e de medidas aleatórias de bloqueio. “Não importa onde você mora, se você tem dinheiro ou não, você tem que se preocupar com o que mais você pode comer e como você pode comprar as coisas”, diz um comentário citado pelo Guardian.

Uma solução popular tem sido a compra em grupo comunitário, que faz com que os moradores do mesmo endereço se unam para comprar mantimentos ou refeições em massa de fornecedores ou restaurantes, fazendo pedidos únicos que podem chegar a milhares de dólares.

Restaurantes como o Pizza Hut da Yum China e a rede Haidilao, que tiveram que fechar os estabelecimentos, são exemplos de fornecedores que continuam funcionando de alguma maneira. O primeiro ofereceu a um grupo de 10 pessoas 120 bifes por 2,9 mil yuans (US$ 456). O último vendeu pacotes de ovos, cogumelos e tubérculos ao preço de 58 yuans com um pedido mínimo de 30 conjuntos.

Continua após a publicidade

As ofertas se espalham rapidamente pelas mídias sociais e, uma vez que um número suficiente de compradores se inscreva e faça um pagamento, os fornecedores despacharão o pedido para o endereço normalmente dias depois, aumentando a segurança. Voluntários depois distribuem os pedidos de porta em porta. Às vezes, os próprios moradores organizam as compras.

Além disso, a solução das compras coletivas tende a deixar os pobres e mais velhos de fora por falta de conhecimento de iniciativas.

Entretanto, muitos cidadãos de Xangai temem que a prática da compra coletiva seja proibida pelo governo. Alguns moradores relatam que os comitês de bairro enviaram mensagens nesta semana com o aviso de que não tinham mais permissão para fazer compras em grupo devido aos riscos de contágio e problemas de mão de obra. Há relatos de moradores que rejeitaram um caminhão cheio de compras feitas pelos vizinhos alegando o risco de ser contaminado.

Nesta sexta-feira, uma conta oficial do WeChat (semelhante ao WhatsApp), que é apoiada pelo órgão de vigilância da Internet da China, negou que o governo da cidade planejasse proibir a compra em grupo. /Com informações da Reuters

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.