WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou nas redes sociais uma frase atribuída ao seu aliado na Argentina, Javier Milei, que está no centro da crise desencadeada pelo colapso de uma criptomoeda promovida por ele. O post, sem qualquer menção ao escândalo, foi interpretado por libertários como um sinal de apoio e compartilhado pelo próprio Milei.
“Se imprimir dinheiro acabasse com a pobreza, imprimir diplomas acabaria com a estupidez”, diz a frase creditada a Javier Milei. Na publicação de Trump, o texto é acompanhado por uma foto do presidente argentino, sem legenda.
O post foi replicado no X (antigo Twitter) por apoiadores de Javier Milei, incluindo o líder do seu partido, Liberdade Avança, na Câmara, Agustín Romo. O próprio Milei compartilhou várias dessas publicações com prints do perfil de Donald Trump.
“FENÓMENO BARRIAL” (ou “fenômeno de vizinhança”) escreveu Javier Milei com ironia ao compartilhar um dos prints. A expressão que os críticos usavam no começo, quando o libertário de lançou na carreira política, como uma forma de dizer que ele teria apoio limitado, foi incorporada por Milei nas redes sociais. É o bordão que ele repete quando a sua imagem repercute fora da Argentina.
Em outras publicações compartilhadas por Milei, o post de Donald Trump é descrito como um sinal de apoio em meio à crise das criptomoedas. O presidente está sob pressão desde que promoveu a $LIBRA, divulgando um link para investimentos na moeda virtual, que colapsou pouco depois.
Após ser promovida pelo presidente argentino, a criptomoeda se valorizou rapidamente e atingiu quase US$ 5 mil, mas logo os desenvolvedores passaram a vender seus ativos. Com isso, a moeda perdeu praticamente todo seu valor e os investidores perderam dinheiro.
Após receber uma série de denúncias, a Justiça da Argentina vai apurar se Milei cometeu crime ao promover a moeda virtual e designou os responsáveis pelo caso.
Pelo menos uma ação separada foi apresentada ao Departamento de Justiça dos EUA e ao FBI com pedido de investigação, alegando que uma das empresas envolvidas está registrada nos Estados Unidos e que há cidadãos americanos entre as vítimas do suposto golpe.
No campo político, a oposição peronista deve pedir o impeachment de Javier Milei no Congresso enquanto outras forças políticas pressionam pela abertura de uma comissão para investigar o caso.
Javier Milei nega irregularidades e tenta superar a crise. Depois de anunciar uma investigação interna, a Casa Rosada afirma que ele teria sido “enganado” pelos operadores da criptomoeda e não tinha conhecimento sobre o esquema, segundo apuração do Clarín.
