O avião brasileiro de ataque leve Emb-314B1, o Super Tucano, vendido pela Embraer para o grupo Blackwater - prestador de serviços militares privados sob contrato principalmente do governo dos Estados Unidos - não será usado no Iraque. Segundo o diretor de inteligência para o mercado de defesa da Embraer, Fernando Ikedo, "a aeronave foi fornecida à EP Aviation (uma subsidiária da Blackwater) para uso em programas de treinamento, sim, mas apenas em território americano". Ikedo afirmou à agência Reuters, em Paris, que "não há ligação com a questão iraquiana". A Embraer participa da fase preliminar para fornecer até oito Super Tucanos destinados a instrução de pilotos e a vigilância das sensíveis fronteiras com a Síria e o Irã. O Estado divulgou no domingo detalhes da transação, resultado de discussões reservadas entre os funcionários da área estratégica do Palácio do Planalto e da Casa Branca. O avião tem matrícula, 31400082, registrada no Estado americano de Virgínia. Foi vendido por US$ 4,5 milhões em dezembro de 2006 e entregue há três meses, em 25 de fevereiro. A Blackwater Worldwide é a maior empresa do mundo de serviços de defesa independentes. Durante oito meses, a existência do único Super Tucano particular foi negada. A legislação do Brasil proíbe o fornecimento de equipamentos militares para companhias. A versão do Super Tucano vendida para a EP Aviation/Blackwater, sem armamento, é a mesma utilizada pela aviação brasileira. O conjunto eletrônico, de última geração, não sofreu alterações - o que permite realizar ataques simulados de alta precisão. O turboélice leva 1,5 tonelada de carga externa, voa a 590 km/h e pode permanecer até 7 horas em missão de patrulha armada. A Blackwater Worldwide foi fundada em 1997 por Erik Prince e Al Clark. Prince tem instrução militar de ponta: foi integrante da Força Seal, considerado o mais avançado time americano de operações especiais. O grupo que dirige é responsável por 987 contratos oficiais no valor de US$ 1,2 bilhão. Em 16 de setembro de 2007, um grupo de agentes da companhia atirou e matou 17 civis iraquianos em Nasur. Não houve acusações formais.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.