Uma ação militar pode por fim ao protesto indígena a qualquer momento depois que o governo deu plenos poderes à força pública para ?restabelecer a ordem no país?. Forças militares rondam a Universidade Salesiana de Quito onde cerca de 5 mil indígenas montaram um quartel general desde o último dia 29. O governo do Equador anunciou que em virtude do estado de emergência, decretado ontem, a força pública poderá realizar convocações para o Exército, desalojamentos e impedir reuniões públicas em todo o país. Qualquer pessoa poderá ser presa somente por ser suspeita de envolvimento com o protesto. Em cadeia de rádio e televisão, o ministro da Defesa, Hugo Unda, declarou que a força pública está autorizada a ?realizar inspeções sem prévia autorização judicial?. Além disso, está proibida toda e qualquer marcha, manifestação ou concentração pública. Será permitido também aos policiais planificar e executar operações de registro e resgate de pessoas seqüestradas ou detidas ilegalmente pelos manifestantes. Ao dar a primeira explicação detalhada sobre o alcance do estado de emergência, Hugo Unda declarou que o governo poderá mobilizar todos os recursos econômicos, alimentícios, de combustíveis e de serviços que sejam necessários para eliminar a especulação e o desabastecimentos da população. O ministro ainda afirmou que a força pública deverá garantir a normal circulação das pessoas e dos meios de transporte, além da comercialização dos produtos de primeira necessidade. O ministro de Interior, Juan Manrique, que também participou do pronunciamento, acusou o movimento indígena de adotar posições extremistas e disse que havia uma premeditada intenção subersiva de mudar a ordem na República. Os indígenas exigem um diálogo direto com o presidente Gustavo Noboa e diante da medida de emergência asseguraram que manterão a manifestação, que tem se caracterizado por bloqueios de estradas e a chegada a Quito de aproximadamente 5 mil indígenas. Eles protestam contra o aumento dos preços dos combustíveis e do transporte público, que aconteceu no final de dezembro. ?O país não pode continuar aceitando a agressão de um grupo que com o pretexto de estar atendendo reivindicações sociais atenta contra o direito da maioria e alteram a paz social?, declarou Manrique. O ministro também denunciou que um grupo político está infiltrado nas organizações populares e influencia os dirigentes e entidades indígenas. A constituição equatoriana estabelece um prazo máximo de 60 dias para a vigência de medidas extraordinárias e acrescenta que, em caso de as causas pesistirem, poderá ser renovado.