‘Tudo está pior’: Equador elege presidente em meio a crise, guerra aos cartéis e polarização

Eleição deve reeditar o duelo entre o atual presidente Daniel Noboa e Luisa González, a candidata apoiada pelo ex-presidente Rafael Correa

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Por Lina Vanegas (AFP)
Atualização:

QUITO - Cerca de 14 milhões de pessoas votam neste domingo, 9, para eleger o próximo presidente do Equador, um país devastado pela violência do tráfico de drogas, endividado e dividido entre o retorno da esquerda ou a continuação do presidente Daniel Noboa.

Os eleitores chegaram aos poucos, agasalhados contra o frio na capital andina, cercada por vulcões e localizada a 2,8 mil metros acima do nível do mar. Alguns policiais revistaram suas mochilas antes de entrarem nas seções eleitorais.

“Precisamos de segurança, saúde, educação, tudo está pior”, disse Richard Calle, engenheiro mecânico de 44 anos, em Quito.

Militar vigia centro de votação no Equador.  Foto: Cesar Munoz/Associated Press
Eleição é marcada por crise econômica, violência e polarização.  Foto: Carlos Noriega/Associated Press

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Embora a divulgação de pesquisas esteja proibida desde o último dia 31, vários levantamentos apontam dois candidatos opostos como favoritos: Luisa González, que é apoiada pelo ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), e Daniel Noboa. Ambos votaram cedo em seus redutos costeiros.

Os equatorianos esperam que o próximo governo possa reanimar um país em crise econômica e assolado pela guerra entre uma miríade de cartéis que lutam pelo controle das rotas de cocaína.

Sob a sombra do assassinato do candidato Fernando Villavicencio na última eleição, a campanhas ocorreu com fortes esquemas de segurança, focada em propostas para coibir a violência, que resulta numa taxa de 38 homicídios por 100 mil habitantes.

Os serviços de emergência alertaram sobre “graves denúncias de um possível ataque à democracia”, sem dar detalhes. As fronteiras estão fechadas até segunda-feira, enquanto cerca de 100 mil agentes da força pública vigiam os locais de votação.

“Recebi ameaças... Há relatórios de inteligência que dizem que há riscos, que querem tentar contra minha vida”, disse Luisa González à AFP.

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Além de eleger presidente e vice-presidente, os equatorianos votam neste domingo para preencher 151 cadeiras na Assembleia Nacional do Equador e cinco parlamentares andinos. “Temos a fé e a esperança de que (o país) mude”, disse Evelyn Criollo, administradora de 30 anos.

Presidente Daniel Noboa busca reeleição no Equador. Foto: Cesar Munoz/Associated Press

Daniel Noboa versus Luisa González

Ao todo, há 16 candidatos à presidência, mas só dois são competitivos, segundo as pesquisas. Na reedição do duela entre Daniel Noboa, de 37 anos, e Luisa González, de 47, ele quer a reeleição enquanto ela busca revanche. Eles se enfrentaram antes no segundo turno de 2023, quando o empresário milionário levou se tornou um dos presidentes mais jovens do mundo. Desta vez, Luisa aspira ser a primeira mulher eleita presidente na história do país.

Herdeiro de um magnata das exportações de banana, Noboa foi uma surpresa quando foi eleito, apesar de sua limitada experiência política. Ele venceu a disputa para um mandato tampão depois que Guilherme Lasso dissolveu a Assembleia e convocou eleições antecipadas (decretando uma “morte cruzada”) para impedir que o Legislativo o destituísse em um impeachment por corrupção.

Muito ativo nas redes sociais, Noboa se tornou popular como um governante linha-dura contra o tráfico de drogas. “O Equador já mudou e quer continuar mudando, quer consolidar sua vitória”, disse ele.

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Luisa González, candidata do Movimento Revolução Cidadã, representa a esquerda ligada ao ex-presidente Rafael Correa nas eleições Foto: Jairo Mendoza/Associated Press

Sua adversária, Luisa, possui uma agenda que promete mais segurança “com justiça social” e respeito aos direitos humanos. “Eles são o medo, nós somos a esperança”, disse a advogada durante o voto.

Um segundo turno está marcado para 13 de abril se nenhum dos candidatos tiver mais de 50% ou 40% com uma diferença de pelo menos 10 pontos percentuais para o segundo colocado.

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