Equipes de resgate lutam na quarta-feira para chegar a sobreviventes do terremoto na Indonésia, que estão há uma semana sem abrigo nem comida, enquanto os especialistas estrangeiros arrumam seu sofisticado equipamento para partir. A ajuda humanitária tem chegado à cidade de Padang, no oeste de Sumatra, desde 30 de setembro, mas a escala do desastre, a forte chuva e os danos à infraestrutura provocam uma demora no acesso às áreas adjacentes. Muitas vezes os helicópteros são a única forma fácil de chegar a algumas comunidades nas montanhas que cercam Padang, já que as estradas foram muito danificadas pelo tremor de magnitude 7,6. "Estou vivendo numa barraca. Não recebemos nenhuma ajuda. Estou muito chateado com o governo local. Vejo a ajuda, mas ela passou por nós", disse um morador da localidade de Lubuk Laweh, chamado Ardi, 31 anos, visivelmente emocionado. Pai de quatro crianças, ele perdeu uma filha de 8 e um filho de 4 anos no deslizamento que interrompeu o acesso à vila. Em Padang, cidade portuária de 900 mil habitantes, continua o trabalho com máquinas pesadas para terminar de derrubar prédios muito danificados, apesar do temor de que muitos corpos estejam sob os escombros. Houve um breve momento de esperança na terça-feira, quando equipes julgaram ter ouvido uma mulher pedindo socorro sob os destroços do hotel Ambacang, que remonta à colonização holandesa. Mas uma equipe australiana de resgate que foi ao local nada encontrou. As autoridades indonésias dizem que há oficialmente 704 mortos e 295 desaparecidos, mas o ministro da Saúde disse que a cifra pode chegar a 3.000. O jovem Ghazali, 28 anos, descreveu a sorte que teve ao escapar do desabamento no Ambacang no dia do terremoto. Ele participava de um treinamento de uma agência de seguros, mas saiu rapidamente do local para comprar um café num bar do outro lado da rua, porque achou o café do hotel caro demais. "Sentei e vi o hotel desabar." Para muitos outros, a única esperança agora é a de encontrar os cadáveres de seus familiares. "Sei que eles provavelmente estão mortos e aceito isso, mas ainda estou rezando para que pelo menos seus corpos sejam achados e identificados," disse Arief Fauzi, 36, na localidade de Kepala Koto, onde há no ar um forte cheiro de corpos putrefatos. (Reportagem adicional de Dylan Martinez em Padang e Olivia Rondonuwu e Retno Palupi em Jacarta)
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