Em uma mudança abrupta no rumo político que vinha sustentando, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, anunciou nesta quarta-feira que Washington pode se juntar às negociações multilaterais sobre a crise nuclear iraniana caso Teerã renuncie às atividades de enriquecimento de urânio. Os dois países cortaram suas relações diplomáticas após a Revolução Islâmica de 1979. Segundo a chefe da diplomacia americana, a administração Bush está disposta a iniciar uma "relação nova e positiva" com o regime dos aiatolás. O objetivo da decisão, destacou Rice, é dar novo fôlego aos esforços dos países europeus em oferecer incentivos para que a Nação Islâmica desista de seu programa nuclear. Os países tiveram suas relações diplomáticas cortadas após a Revolução Islâmica de 1979 "Esperamos que o Governo iraniano considere a fundo esta proposta", disse a secretária de Estado antes de partir para Viena, na Áustria, onde se encontrará com líderes diplomáticos europeus. Amanhã a secretária de Estado americana participará de uma reunião com representantes da Alemanha e dos países membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU para abordar a crise nuclear iraniana. O alto representante de Política Externa e Segurança Comum da União Européia (UE), Javier Solana, também deve assistir a essa reunião, na qual será apresentada a minuta para um novo pacote de incentivos destinados a convencer o Irã a abandonar suas ambições nucleares. Caso o Teerã recuse a oferta, os países ocidentais estudam a adoção de sanções contra o país. Mudança de posição Pouco antes da coletiva da secretária, o porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, ressaltou que o anúncio de Rice implica em uma mudança na postura americana, mas não no essencial da posição dos EUA. O fundamental para que as negociações comecem, acrescentou, consiste em que "o Irã dê o primeiro passo" e suspenda todas as atividades de enriquecimento de urânio. O Irã abandonou as negociações multilaterais em 2005 e, este ano, retomou suas atividades nucleares após informar que não irá se privar de seu direito de utilizar a energia atômica com fins pacíficos para produzir energia. No entanto, Washington acredita que Teerã tem a intenção de utilizar seu programa de desenvolvimento nuclear para produzir armas, e levou o caso ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.