EUA minam direitos humanos, diz Anistia em relatório

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Por Agencia Estado
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Os Estados Unidos e governos em todo o mundo aproveitaram a guerra contra o terrorismo pós-11 de setembro para minar os direitos humanos e reprimir a dissidência política, denunciou hoje a Anistia Internacional. Em seu relatório anual sobre a situação dos direitos humanos no mundo, a organização afirmou que legislação emergencial antiterrorista e mudanças nos procedimentos de julgamento e detenção contribuíram para uma atmosfera de repressão e minou princípios universais dos direitos humanos. "O que ocorreu em 11 de setembro foi um crime contra a humanidade, uma grosseira violação dos direitos humanos de milhares de pessoas", considerou a secretária-geral da Anistia, Irene Khan. Entretanto, acrescentou, "nos dias, semanas e meses seguintes, governos em todo o mundo minaram direitos humanos em nome da segurança e antiterrorismo". Entre os desdobramentos preocupantes, ela destacou a proposta dos EUA de julgar alguns suspeitos de terrorismo em tribunais militares e novas legislações em vários países - incluindo Estados Unidos, Canadá e Grã-Bretanha -, que tornaram mais fácil deportar e deter suspeitos estrangeiros. O grupo baseado em Londres afirmou que países como a Índia, Paquistão, Malásia e Cingapura introduziram repressiva legislação sobre segurança após o 11 de setembro. "Os direitos humanos foram vendidos em quase todas as partes do mundo", disse Khan. "Estados democráticos pularam no vagão quase tão rapidamente quanto regimes autoritários". O relatório, que registra abusos aos direitos humanos em 152 países durante o ano de 2001, afirma que os ataques de 11 de setembro criaram um ambiente no qual países como os EUA evitam criticar aliados na luta antiterrorista com lamentáveis histórias de direitos humanos. "Países como a Arábia Saudita, Paquistão e Rússia escaparam do escrutínio internacional, minando a universalidade dos direitos humanos", segundo Khan. Ela disse que os EUA estão dando um mau exemplo ao recusarem-se a classificar supostos combatentes do Taleban e da Al-Qaeda detidos na Base de Guantánamo, Cuba, como prisioneiros de guerra, o que daria a eles direitos sob a Convenção de Genebra. "Uma mensagem muito perigosa é enviada quando os pilares (dos direitos humanos) são atacados", advertiu. "Todo o edifício pode desabar", disse. A Anistia também considerou que os Estados Unidos e seus aliados "podem ter quebrado regras de guerra" ao bombardearem civis durante a campanha militar no Afeganistão e afirmou que Washington e Londres "pisotearam" os direitos humanos ao não investigarem alegações de abusos. A Anistia afirmou que muitas violações dos direitos humanos no mundo foram "ofuscadas pelo 11 de setembro", como execuções extrajudiciais na Colômbia, massacres de militantes islâmicos na Argélia e mau tratamento de pessoas buscando asilo na Europa e Austrália. O grupo relatou que muitos países registraram ataques racistas contra árabes e muçulmanos após 11 de setembro, e aumentaram ataques contra judeus com a deterioração da crise no Oriente Médio. A Anistia encontrou alguma razão para otimismo. O número de países que impõem pena de morte caiu de 40 em 1997 para 27 no ano passado. Evidências de execuções extrajudiciais por forças governamentais ou grupos foram encontradas em 47 países no ano passado, contra 61 no ano anterior. Tortura e mau tratamento de presos foram percebidos em 111 países, menos do que os 125 em 2000.

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