Washington.- A Justiça dos Estados Unidos ordenou, nesta sexta-feira, 16,a captura e apreensão, por violação das sanções ao Irã, do Grace 1, o petroleiro iraniano que ficou retido por mais de um mês em Gibraltar e que foi liberado na quinta, 15, pelo território ultramarino britânico.
Além da apreensão do cargueiro, a corte federal americana que tomou a decisão também solicitou o confisco de todo o petróleo transportado (cerca de 2,1 milhões de barris) e de US$ 995 mil.

O governo dos Estados Unidos, por meio de um comunicado do Departamento de Justiça, acusou ontem o Grace 1 de ter violado as sanções ao Irã por ter auxiliado a Guarda Revolucionária do país - considerada um grupo terrorista por Washington - no transporte de petróleo à Síria.
"O esquema das enganosas viagens do Grace 1 envolve múltiplas partes filiadas à Guarda Revolucionária. Uma rede de companhias fantasma supostamente lavou milhões de dólares para apoiar tais envios (de petróleo)", diz a nota.
O Grace 1 foi interceptado e abordado em 4 de julho perto da costa de Gibraltar devido às suspeitas de que transportava petróleo a uma refinaria da Síria, país alvo de sanções da União Europeia (UE), mas as autoridades iranianas negaram que a embarcação estivesse a caminho do país árabe.
Gibraltar liberou o cargueiro ontem, após receber garantias do Irã de que o petróleo não seria levado à Síria. O capitão do navio, de nacionalidade indiana, foi libertado, assim como o restante da tripulação, entre eles indianos, paquistaneses e ucranianos, mas nenhum iraniano.
Após a liberação do cargueiro, o governo americano advertiu que poderia adotar ações contra a tripulação do Grace 1.
"Os membros da tripulação de navios que ajudam a Guarda Revolucionária mediante o transporte de petróleo do Irã podem não ser elegíveis para vistos ou admissão nos EUA", informou o Departamento de Estado.
"A comunidade marítima deve estar ciente de que o governo dos Estados Unidos tem a intenção de revogar os vistos em poder dos membros de tais tripulações", acrescentou.
A captura do Grace 1 causou um conflito diplomático entre o Reino Unido e o Irã, que classificou o episódio como "ato de pirataria marítima" e alertou que responderia "no momento apropriado".
Poucos dias depois, o Irã capturou no estreito de Ormuz o petroleiro britânico Stena Impero, que ainda não foi liberado.
O incidente com os cargueiros compõe um clima crescente de tensão entre Teerã e Washington devido às sanções impostas pelo governo de Donald Trump após deixar o pacto nuclear com o país islâmico. EFE