MADRI - O chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, pediu neste domingo, 27, que o governo independentista catalão renuncie os planos "de ruptura, divisão e radicalidade", no reinício das tensões entre Madri e os separatistas, que buscam um referendo de secessão da região.
Rajoy afirmou em um evento de seu Partido Popular, de orientação direitista e conservadora, que esses planos "são as últimas coisas que a maioria da sociedade catalã quer neste momento". A fala do líder acontece dez dias depois de um duplo atentado terrorista na Catalunha, no nordeste da Espanha, que deixou 16 mortos e mais de 120 feridos.

Em uma entrevista ao jornal britânico Financial Times, publicada nesta sexta-feira, 25, o presidente regional da Catalunha, Carles Puigdemont, reiterou sua vontade de realizar a consulta prometida, mesmo após os ataques realizados por uma célula jihadista. "Temos mais de 6 mil urnas registradas, não vejo como o Estado poderia impedi-la", completou Puigdemont.
"O povo deve ter a certeza de que, ao convocarmos o referendo, ele indefectivelmente irá acontecer", insistiu, desta vez em declaração ao periódico catalão El Nacional, neste domingo, 27.
As tensões entre Rajoy e o governo nacionalista catalão, decidido a convocar para o dia 1º de outubro o referendo, haviam se estabilizado depois dos atentados, em meio a pedidos de unidade, mas voltaram a aflorar neste final de semana.

Em uma marcha contra a violência jihadista na tarde deste sábado, 26, em Barcelona, o rei da Espanha, Felipe 6º, e Rajoy foram vaiados por manifestantes com bandeiras separatistas da Catalunha.
"Não escutamos as afrontas de alguns", disse Rajoy, neste domingo, ao afirmar que membros do Executivo estiveram "onde deveriam estar" para expressar apoio "às vítimas do terrorismo e solidariedade com todos os catalães sensatos, moderados e respeitosos, (isto é,) a imensa maioria".
Homenagens às vítimas de Barcelona


"As vítimas merecem nossa unidade e os terroristas nos querem desunidos", apontou o chefe do governo no evento realizado na Galícia, no noroeste do país.
Rajoy, que insiste frequentemente que o referendo é ilegal e não será realizado, afirmou que o governo espanhol defenderá "a soberania nacional, a constituição espanhola e a legalidade da Catalunha". / AFP