WASHINGTON - O Facebook descobriu uma campanha ligada à Rússia, ainda iniciante, destinada a alimentar o caos político nos Estados Unidos. Segundo informações divulgadas nesta terça-feira, 1, pela empresa, o trabalho foi realizado a partir de uma dica do FBI. Esta é a mais recente ação da rede social para combater comportamentos inautênticos coordenados.
A pequena rede, formada por 13 contas e duas páginas que se passavam por jornalistas, tinha como alvo progressistas de esquerda e foi derrubada por violar as regras relacionadas à interferência estrangeira.
A investigação que identificou a operação secreta, que estava ligada à Agência de Pesquisa da Internet (IRA) da Rússia, começou com uma denúncia do Departamento Federal de Investigação (FBI) dos EUA, de acordo com o chefe de políticas de segurança do Facebook, Nathaniel Gleicher.
A rede estava em estágio inicial de construção de uma audiência, com pouco engajamento dos usuários. "Eles colocaram um esforço substancial na criação de elaboradas personas fictícias, tentando fazer contas falsas parecerem o mais reais possível", disse Gleicher aos repórteres.
Entre os assuntos abordados pelo grupo em suas publicações, segundo o Facebook, estavam "justiça social e racial nos EUA e no Reino Unido, políticas da OTAN e da União Europeia, supostos crimes de guerra e corrupção ocidentais, questões ambientais, o fundador da WikiLeaks, tensões entre Israel e Palestina, a pandemia de coronavírus, críticas ao fracking (fraturamento hidráulico), a influência francesa na África, a campanha de Biden e Harris, QAnon, o presidente Trump e suas políticas, e as políticas militares dos EUA na África".
As fotos dos perfis falsos foram geradas usando um software de computador, para parecerem mais realistas, e escritores freelance foram recrutados para escrever as postagens – sem saber que participavam do projeto.
Já as páginas de Facebook foram construídas para levar o público a sites da rede, e seus operadores estavam trabalhando meticulosamente para obter aprovação para veicular anúncios direcionados.
"A operação segue um padrão em que atores, russos em particular, se tornaram melhores em esconder quem são, mas seu impacto é cada vez menor e eles têm sido pegos mais cedo", afirmou Gleicher.
"Eles estão entre a cruz e a espada: conduzir uma grande rede que é capturada rapidamente ou conduzir uma pequena rede de alcance limitado."/AFP
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