As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) estão dispostas a negociar um acordo humanitário com o governo do presidente Alvaro Uribe caso este aceite as demandas rebeldes de desmilitarizar dois departamentos (Estados) e de suspender a captura de líderes guerrilheiros. Em resposta, o vice-presidente colombiano, Francisco Santos, disse que o governo está preparado para negociar com as Farc, mas mostrou prudência diante das intenções do grupo guerrilheiro. "Temos que ser prudentes (...) um processo deste tipo não pode ser discutido através da imprensa", afirmou ele a jornalistas. Santos disse também que "parece uma mudança importante (por parte da guerrilha), nós estamos prontos para tocar uma negociação". Segundo o vice de Uribe, os contatos necessários para que o tema seja ampliado ficarão nas mãos do alto comissário para a paz, Luis Carlos Restrepo. Mais cedo, o porta-voz das Farc, Raúl Reyes, em entrevista difundida pela rede regional de televisão Telesur, afirmou: "Interessa às Farc o acordo humanitário e (o grupo) tem toda a disponibilidade e a vontade política de fazê-lo. Mas para isso o governo necessita mostrar uma verdadeira vontade política, começando por apresentar garantias suficientes, sem truques ou enganação, que possibilitem esta troca (humanitária)". "É Alvaro Uribe quem decidirá se continua a guerra ou se buscará uma aproximação com as Farc", afirmou Reyes, segundo uma nota divulgada mais tarde pela Telesur. O porta-voz garantiu que as Farc estão dispostas a se sentar em uma mesa de negociações caso o governo de Uribe desmilitarize os departamentos de Caquetá e Putumayo, uma área no sul do país com mais de 100.000 quilômetros quadrados na fronteira com Equador e Peru, onde há poços de petróleo e cultivos de folha de coca. Além disso, os rebeldes exigem que o governo suspenda de forma temporária as ordens de captura dos membros do estado-maior central da maior e mais antiga guerrilha colombiana. As Farc mantêm seqüestradas cerca de 60 pessoas, entre políticos, militares, policiais, além de três trabalhadores americanos. Algumas destas pessoas estão seqüestradas há mais de oito ano. O governo, por sua vez, mantém em suas prisões centenas de guerrilheiros. Ainda nesta sexta-feira, oito fuzileiros navais morreram em uma emboscada das Farc no norte do país, informaram fontes militares. Os soldados estavam realizando uma patrulha quando foram atacados a tiro em uma estrada de uma zona conhecida como Montes de María, no departamento de Bolívar, 450 quilômetros ao norte da capital.