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Filho de Joe Biden muda rumos de eleição americana

Ao acusar Trump de abuso de poder por pedir à Ucrânia dados sobre negócios de seu filho, democrata precisará explicar tema incômodo

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - A menção do filho do ex-vice-presidente americano Joe Biden, Hunter Biden, nos telefonemas entre o presidente americano Donald Trump e o ucraniano Volodmyr Zelenski já impacta a sucessão presidencial de 2020. Os telefonemas tornaram-se um problema para Trump depois de que um funcionário de inteligência notificou seus superiores que o presidente tinha falado de segredos de Estado com um líder estrangeiro

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Quando Trump falou no telefone com Zelenski no fim de julho, disse ao colega que a Ucrânia poderia melhorar sua imagem se fossem encerrados alguns casos de corrupção que “inibiam a interação com os EUA”, segundo fontes que conheciam o teor da chamada. 

O que nenhum dos dois governos disse publicamente na época é que Trump foi mais fundo - especificamente, pressionando o presidente ucraniano a reabrir uma investigação de corrupção envolvendo o filho de Biden. 

As pesquisas de opinião favoráveis a Joe Biden provavelmente refletem o fato de que muitos americanos acreditam que ele tem as melhores condições para derrotar Trump. Foto: Elizabeth Frantz para The New York Times

Subitamente, Biden se confronta com duas realidades conflitantes: o presidente que ele espera derrotar no ano que vem, e a quem descreve como moralmente incapaz para o cargo, está sob escrutínio por um comportamento que para muitos beira a traição. Mas a história está inextricavelmente ligada ao filho de Biden - um dos temas que o democrata se sente mais desconfortável em discutir sob os holofotes.

O desafio de tirar vantagem desse momento político sem ser enredado pelo rival ficou evidente nas respostas dadas por Biden a repórteres na sexta-feira, em Iowa. Primeiro, ele reagiu defensivamente; mais tarde, numa declaração formal de sua campanha, denunciou decididamente as ações de Trump.

Quando Biden entrou na corrida presidencial, ele desencadeou muitas críticas sobre os negócios e ligações de Hunter no exterior. A campanha de Biden esperava que o assunto esfriasse, porém isso não será fácil se os democratas da Câmara se empenharem no impeachment de Trump. 

Donald Trump negou para repórteres que ele e seu advogado, Rudy Giuliani, tenham pressionado a Ucrânia a investigar o Joe Biden Foto: AP Photo/Evan Vucci

Advogado de Trump pediu investigação a ucranianos

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Dias após os dois presidentes conversarem, o advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, encontrou-se com um assessor do presidente ucraniano em Madri e citou dois casos específicos que acreditava que a Ucrânia deveria atrás. 

Um era uma investigação sobre um magnata ucraniano do gás de cuja empresa o filho de Biden, Hunter, fizera parte da diretoria. Outro era uma acusação de que democratas se juntaram a ucranianos para divulgar informações sobre o Paul Manafort, ex-presidente da campanha de Trump na eleição de 2016.

“Seu país deve aos EUA, e a ele mesmo, descobrir o que realmente aconteceu”, disse Giuliani a Andrei Yermak, o assessor do presidente ucraniano, na reunião em Madri. Yermak, segundo Giuliani, disse que os ucranianos estavam dispostos a prosseguir com as investigações. 

O assessor reiterou o pedido ucraniano de uma reunião com Trump, explicando que seria um importante sinal à Rússia do apoio de Washington à Ucrânia. Falei com ele sobre o pacote completo”, disse Giuliani. Yermak não quis comentar o assunto.

Trump pode ter usado cargo para benefício político

Novas revelações sobre a dupla pressão sobre a Ucrânia - de Trump e de Giuliani - alimentam as especulações sobre se Trump usou seu governo para forçar um país estrangeiro a tomar medidas contra seus opositores políticos. 

Especialistas em segurança nacional consideraram “altamente inapropriadas” as eventuais pressões de Trump sobre a Ucrânia. “Pedir ajuda um governo estrangeiro para manchar a imagem de um rival político abre as portas para intervenções externas em nossa política e eleições”, disse David Kramer, ex-funcionário do Departamento de Estado no governo de George W. Bush.

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A um ex-funcionário do governo, Trump disse que “o que estamos fazendo na Ucrânia não tem sentido e apenas irrita a Rússia”. Segundo o funcionário, a posição do presidente é a de que os EUA precisam aceitar o fato de que os russos devem ser nossos amigos, e o funcionário acrescentou: “Além disso, quem liga para a Ucrânia?”. 

Rudy Giuliani em evento esportivo na Casa Branca, Washington. Foto: REUTERS/Leah Millis

Giuliani queria informações sobre filho de Biden

Giuliani pressionou funcionários ucranianos a renovarem a investigação sobre as atividades de Hunter Biden, que foi assessor na empresa de gás quando seu pai era encarregado da política ucraniana-americana. 

Em particular, Giuliani alega que Hunter defendeu o afastamento de um promotor que investigava acusações de corrupção contra o dono da empresa de gás. Yuri Lutsenko, ex-procurador-geral ucraniano, disse à Bloomberg News que não há provas de conduta errada de Joe ou Hunter Biden.

Giuliani disse que há mais para ser revelado, acrescentando que seu objetivo é impedir que Biden seja presidente sem antes esclarecer sua atuação na Ucrânia.

Volodmir Zelenski comemora resultado das eleições no primeiro turno Foto: Genya SAVILOV / AFP

Republicanos podem pressionar Biden sobre Ucrânia

Embora as audiências se concentrem o comportamento do presidente, a ala republicana na Casa vai também amplificar as questões sobre as ações de Biden quando ele estava no governo.

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As notícias chegam também num momento em que rivais democratas de Biden, desesperados para ganhar força, estão esquecendo os escrúpulos em atacá-lo duramente. 

E, embora alguns possam fechar com Biden, considerando desleal e potencialmente ilegal atacar um companheiro democrata , outros podem se questionar sobre se Biden é o melhor candidato democrata para conter Trump.

“Criticamos diariamente Trump e dizemos que seu governo é o mais corrupto da história dos Estados Unidos”, disse Grant Woodward, advogado e um antigo consultor democrata de Iowa. “Vai ser problemático para Biden se tiver de responder a perguntas sobre si mesmo.” /WASHINGTON  POST

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