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Força republicana na Câmara dos Deputados desafiará agenda de Biden nos EUA

Conservadores terão bancada suficiente para atrapalhar execução de leis aprovadas e abrir investigações contra o presidente democrata

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Por Redação

WASHINGTON -Mesmo com uma maioria republicana muito menor que os líderes do partido previam, Joe Biden enfrentará um Congresso dividido com potencial de atrapalhar sua agenda e dificultar a execução de projetos aprovados na primeira metade de seu mandato.

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Seu Partido Democrata conseguiu manter a maioria no Senado e um segundo turno na Geórgia, no dia 6, pode dar à legenda uma cadeira adicional. Mas o resultado dá aos conservadores influência para enfraquecer a agenda de Biden e permitir uma enxurrada de investigações contra seu governo e sua família.

A pequena vantagem numérica dos republicanos, no entanto, representará desafios imediatos para os líderes do partido e complicará sua capacidade de articulação.

Membros eleitos para a Câmara dos Deputados se preparam para foto oficial nas escadarias do Capitólio Foto: Leah Millis/Reuters - 15/11/2022

Os republicanos provavelmente terão a maioria mais estreita do século 21. O cenário rivaliza com 2001, quando tinham apenas uma maioria de 9 assentos, 221-212, contando com o voto de dois independentes. Isso está muito aquém da ampla vitória que os conservadores previram nas eleições de meio de mandato deste ano, quando o partido esperava redefinir a agenda no Capitólio capitalizando os desafios econômicos e a baixa popularidade de Biden.

Trump

Os democratas foram capazes de barrar uma grande onda do Partido Republicano, sobressaindo em distritos suburbanos moderados. Alguns no Partido Republicano culparam Donald Trump pelo resultado pior do que o esperado. O ex-presidente, que apoiou candidatos durante as primárias deste ano que perderam ou tiveram dificuldades para vencer, lançou sua candidatura para as eleições de 2024 ontem.

Apesar de seu desempenho decepcionante, o Partido Republicano verá seu poder em Washington crescer. A legenda assumirá o controle das comissões da Câmara, dando ao partido a capacidade de moldar a legislação e lançar investigações sobre Biden, sua família e seu governo.

Há um interesse particular em investigar os negócios no exterior do filho do presidente, Hunter Biden. Alguns dos legisladores mais conservadores levantaram a perspectiva de impeachment de Biden, embora isso seja muito mais difícil para o partido conseguir com uma maioria apertada.

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Qualquer norma que surja da Câmara pode enfrentar grandes dificuldades no Senado, onde a estreita maioria democrata muitas vezes será suficiente para inviabilizar a legislação defendida pelo Partido Republicano.

Com uma maioria tão pequena na Câmara, há potencial para a paralisia legislativa. A dinâmica essencialmente dá a um membro uma enorme influência sobre o que acontece na Casa.

Vantagem

O fracasso do Partido Republicano em obter mais espaço foi especialmente surpreendente porque o partido entrou na eleição se beneficiando de mapas do Congresso que foram redesenhados pelas legislaturas republicanas. Essa manipulação dos mapas, muitas vezes, é feita de maneira artificial para beneficiar o partido no poder, uma prática conhecida nos EUA como ‘gerrymandering’.

A história também estava do lado dos republicanos: o partido que ocupa a Casa Branca perdeu cadeiras no Congresso nas eleições de meio de mandado em praticamente todos os novos presidentes da era moderna.

O Capitólio americano, em imagem de arquivo Foto: Bloomberg photo by Graeme Sloan/09/11/2022

Se eleito para substituir a atual presidente da Câmara, Nancy Pelosi, o líder do Partido Republicano na Casa, Kevin McCarthy, deve liderar o que provavelmente será um grupo turbulento de republicanos, a maioria dos quais está alinhada com a política de Trump.

Os candidatos republicanos prometeram na campanha reduzir impostos e reforçar a segurança nas fronteiras. Eles também podem bloquear ajuda à Ucrânia enquanto o país trava uma guerra com a Rússia ou usar a ameaça de inadimplência da dívida do país como alavanca para extrair cortes de gastos e direitos sociais. / NYT e AP

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