Forças americanas e iraquianas atacam reduto xiita

Pelo menos quatro pessoas morreram e 18 ficaram feridas na ofensiva iniciada no fim da noite de terça-feira e que estendeu-se ao longo desta quarta-feira

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Por Agencia Estado
Atualização:

Forças americanas e iraquianas invadiram nesta quarta-feira o bairro bagdali de Cidade Sadr, mas o primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, desaprovou a operação contra o bastião da milícia do clérigo xiita antiamericano Muqtada al-Sadr. Em tom desafiador, Maliki reclamou que não foi consultado sobre a ofensiva militar contra o empobrecido bairro xiita e assegurou que "isso não se repetirá". Maliki também criticou altos militares e diplomatas americanos, que no dia anterior convocaram uma entrevista coletiva e pressionaram para que o Iraque imponha um cronograma para conter a violência que assola o país. O embaixador americano em Bagdá, Zalmay Khalilzad, alegou que Maliki concordava com isso. "Eu afirmo que este governo representa o desejo do povo e ninguém tem o direito de impor um cronograma a ele", prosseguiu Maliki em entrevista coletiva concedida em Bagdá. De acordo com ele, a tentativa de impor prazos está relacionada com as eleições legislativas de meio de mandato nos Estados Unidos. "Tenho certeza de que essa não é a política oficial do governo americano, mas sim fruto de uma campanha eleitoral, motivo pelo qual não estamos preocupados com isso", opinou. Nesta quarta-feira o presidente americano George Bush realizou uma coletiva de imprensa para falar sobre a guerra do Iraque. Bush se disse muito preocupado com as baixas americanas no país, e afirmou que as metas no Iraque continuam as mesmas, apenas os métodos mudam. O presidente disse ainda que a segurança interna do EUA "depende de garantir que o Iraque seja um aliado na guerra contra o terror". Pelo menos quatro pessoas morreram e 18 ficaram feridas na ofensiva iniciada no fim da noite desta terça-feira e que estendeu-se ao longo desta quarta-feira, disseram o coronel Khazim Abbas, um comandante da polícia local e Qassim al-Suwaidi, diretor do Hospital Imã Ali. Estrondos de canhões de tanque ressoaram pela cidade cinco vezes em rápidas sucessões na tarde desta quarta-feira. Enquanto ocorriam os choques, caças de combate americanos faziam vôos rasantes sobre Cidade Sadr. Ao mesmo tempo, salvos de morteiro foram lançados por rebeldes contra a Zona Verde de Bagdá, onde estão estabelecidos o comando militar americano e as principais instituições do governo iraquiano. Segundo o comando militar americano, a ofensiva contra Cidade Sadr tinha como objetivo a captura de um "importante comandante" do Exército Mahdi "responsável pela ação de um esquadrão da morte na zona leste de Bagdá". O Exército Mahdi é a milícia comandada por al-Sadr. Aviões e helicópteros americanos retaliaram os disparos contra a Zona Verde. Uma espessa coluna de fumaça escura subia da Rua Haifa, a apenas algumas quadras das embaixadas dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha em Bagdá. Não há informações imediatas sobre vítimas dos confrontos em torno da Zona Verde. Depois do início da ofensiva, homens saíram às ruas de Cidade Sadr com pistolas em punho e denunciaram o ataque como um "insulto". Falah Hassan Shansal, um deputado do bloco governista iraquiano afirmou que a ofensiva liderada pelos EUA provocou a morte de mulheres e crianças inocentes e denunciou que bombas de fragmentação foram lançadas contra Cidade Sadr, provocando mutilações entre civis. Cerca de 2,5 milhões de pessoas vivem na empobrecida Cidade Sadr, na zona leste de Bagdá. Não foi possível confirmar as alegações de Shansal.

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