Forças de Khadafi darão trégua a rebeldes no domingo, diz agência

Agência oficial de notícias diz que cessar-fogo pretende dar chance para que rebeldes entreguem armas.

PUBLICIDADE

Por BBC Brasil

Decisão daria chance aos rebeldes de entregarem suas armas O governo da Líbia pretende realizar um cessar-fogo no próximo domingo, para dar aos opositores do líder do país, coronel Muamar Khadafi, a chance de entregarem suas armas, segundo informa uma agência de notícias líbia. Segundo a agência Jana, o Comitê Geral Interino de Defesa adotará a trégua contra "gangues armadas de terroristas" para dar oportunidade aos rebeldes de "se beneficiarem da decisão de anistia geral". Nesta quinta-feira, forças do governo líbio e rebeldes voltaram a entrar em confrontos disputando o controle da cidade de Benghazi, até agora mantida sob controle da oposição. Enquanto isto, o Conselho de Segurança da ONU está reunido para discutir a possível adoção de um bloqueio aéreo à Líbia, para evitar novos ataques aéreos das forças do governo contra a oposição. China e Rússia se opõem a um bloqueio aéreo e preferem uma resolução impondo primeiro um cessar-fogo. Já os Estados Unidos disseram estar preparados para apoiar a imposição do bloqueio aéreo, mas apenas se a medida tiver a autorização da ONU. O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, diz estar esperando uma decisão do Conselho, mas afirma que o tempo está se esgotando. "O tempo está se esgotando rapidamente, mas eu não acho que seja tarde demais. Muito vai depender da decisão do Conselho de Segurança da ONU", afirmou Rasmussen, em Varsóvia (Polônia). "Posso visualizar a comunidade internacional e as Nações Unidas juntas, apoiando fortemente o povo líbio, se esse regime enfraquecido continuar a atacar seu próprio povo", disse. Benghazi Em Benghazi, testemunhas dizem ter visto aviões de guerra do regime de Khadafi atacar as forças rebeldes nesta quinta-feira. O porta-voz da oposição, Mustafa Gheriani, confirmou à BBC que o aeroporto nos arredores da cidade foi atingido. A ofensiva vem horas depois que os rebeldes afirmaram ter contido o avanço das forças de Khadafi no leste da Líbia. Um repórter da BBC na cidade de Ajdabiya - a última localidade antes de Benghazi - disse que os oposicionistas usaram armas pesadas e pelo menos um avião caça para resistir às tropas do governo. Um novo ataque a Benghazi já era esperado. Na quarta-feira, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha chegou a retirar o seu pessoal da cidade temendo a iminente chegada da violência. Diplomacia Entre os diplomatas, as negociações têm sido longas e difíceis. Na Europa, Grã-Bretanha e França foram os mais fortes defensores de um bloqueio aéreo. Após uma hesitação inicial, os países que integram a Liga Árabe também se manifestaram favoravelmente. Em um primeiro momento, os Estados Unidos haviam manifestado restrições em relação à imposição de uma zona de exclusão aérea, assim como Alemanha, Rússia e China. Agora, os americanos acreditam que a medida está entre as ações necessárias para colocar Khadafi sob pressão. Ainda assim, a embaixadora americana na ONU, Susan Rice, disse acreditar que a restrição aérea não seja suficiente para proteger a população da Líbia. "Esse tipo de medida possui limitações inerentes em termos de proteção a civis que estão sob risco imediato'', afirmou Rice. Linguagem polêmica A correspondente da BBC na ONU, Barbara Plett, afirma que a polêmica envolvendo a resolução da ONU reside em sua linguagem polêmica, que prevê todas as ações necessárias para a proteção de civis. Alguns interpretaram esse trecho como uma autorização de ataques contra forças terrestres do governo, caso civis estejam sob ataque. A Rússia e a China - ambas com poder de veto no CS - fazem sérias restrições a uma ação militar. Como contrapartida, os russos propuseram uma resolução impondo primeiro um cessar-fogo. De acordo com diplomatas ocidentais, a proposta foi rejeitada por ter sido considerada excessivamente branda. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.