Cinco indigentes morreram nas ruas do Uruguai por hipotermia em uma onda de frio que atinge o país, enquanto se discute um projeto de lei para levar à força para albergues os indigentes que se negarem a ir para os refúgios. Um mendigo foi encontrado morto ontem, elevando para cinco os mortos entre pessoas que dormiam nas ruas abrigados apenas com papelões, segundo a imprensa local.A onda de frio começou em meados da semana passada, com temperaturas de até 7 graus centígrados abaixo de zero. A senadora socialista Mónica Xavier apresentou um projeto de lei determinando que, mesmo que os moradores de rua não queiram, eles sejam levados à força para refúgios. Segundo a senadora, muitas dessas pessoas sofrem distúrbios psiquiátricos. O projeto ainda não entrou na pauta oficial de debates.O senador Alfredo Solari, do Partido Colorado, de oposição, disse que "se a maioria dos que estão na rua são doentes mentais, como diz o Ministério do Desenvolvimento Social, já há uma lei que autoriza ao Estado sua internação obrigatória". O ministério estima que mais de 500 pessoas vivam nas ruas de Montevidéu.O diretor de Integração Social do Ministério do Desenvolvimento Social, Sebastián Pereyra, disse no site oficial da Presidência que "é impossível receber pessoas" com vícios ou doenças psiquiátricas. Já as autoridades da prefeitura da capital uruguaia recomendaram à população que não dê esmolas, como roupas ou alimentos, por considerar que isso induz os indigentes a seguirem nessa situação.O senador Enrique Rubio, da Frente Ampla, coalizão governista, criticou as recomendações da prefeitura. Segundo ele, é preciso redobrar os esforços para ajudar a população "porque não se pode, com base em problemas ou dificuldades práticas ou jurídicas, que haja um monte de mortos. Já estamos em cinco, é muito grave".A deputada Ana Lía Piñeyrúa, do opositor Partido Nacional, considerou "um verdadeiro disparate" as exortações de autoridades para que não se ajude os mendigos. Para ele, isso é uma mostra "da incapacidade do governo de realizar políticas sociais adequadas". As informações são da Associated Press.
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