TEL-AVIV - O governo de Israel aprovou o acordo de cessar-fogo e libertação de reféns com o grupo terrorista Hamas após horas de deliberações, disse o gabinete do primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu na madrugada de sábado, 18, horário local (noite de sexta-feira em Brasília). Com a ratificação de Israel, o cessar-fogo deve passar a valer a partir do próximo domingo, 19.
O governo israelense anunciou a aprovação após 1h, horário de Jerusalém. A reunião do gabinete pleno durou horas, ultrapassando o início do Sabbat (sábado judaico), refletindo a importância do momento. De acordo com a lei judaica, o governo israelense geralmente interrompe todas as atividades durante o sábado, exceto em casos de emergência de vida ou morte.
“O governo aprovou o plano de libertação dos reféns”, afirma o texto divulgado pelo gabinete de Netanyahu. “O plano de libertação de reféns entrará em vigor no domingo, 19 de janeiro de 2025”, acrescenta.
Segundo a imprensa de Israel, o acordo teve 24 ministros votando a favor e oito contra. Com a aprovação, segundo o Times Of Israel, os oponentes ainda podem recorrer ao Tribunal Superior de Justiça, embora seja improvável que o tribunal volte atrás com a aprovação.
Mais cedo, o gabinete de guerra de Netanyahu aprovou o acordo e recomendou que o gabinete geral fizesse o mesmo. As votações eram esperada para quinta-feira, 16, mas foram adiada em meio a disputas de última hora com o Hamas e divergências sobre o acordo entre partidos de extrema direita que fazem parte da coalizão de Netanyahu.

Na quinta-feira, o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, ameaçou renunciar e remover seu partido do governo israelense se o gabinete aprovasse o cessar-fogo, dizendo que isso deixaria o Hamas no poder em Gaza.
O acordo deixa Israel e o Hamas um passo mais perto de acabar com os 15 meses de guerra que resultaram nos conflitos mais mortais e destrutivos de sua história.
Libertação de reféns
O acordo de três fases — com base em uma estrutura estabelecida pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e endossada pelo Conselho de Segurança da ONU — deve começar com a libertação gradual de 33 reféns ao longo de um período de seis semanas, incluindo mulheres, crianças, idosos e civis feridos em troca de centenas de prisioneiros palestinos que estão nas prisões israelenses.
Entre os 33, estariam cinco soldados israelenses, cada uma das quais seria libertada em troca de 50 prisioneiros palestinos, incluindo 30 terroristas condenados que estão cumprindo penas perpétuas. Ao final da primeira fase, todos os reféns civis— vivos ou mortos — terão sido libertados.

Como parte do acordo, Israel também soltará palestinos. Nesta sexta-feira, o Ministério da Justiça de Israel publicou uma lista de 95 prisioneiros que devem ser libertados no domingo.
A lista incluía 25 prisioneiros homens programados para serem soltos, todos com menos de 21 anos, e 70 prisioneiras mulheres. Os prisioneiros mais jovens que serão soltos têm 16 anos.
Durante esta primeira fase de 42 dias, as forças israelenses se retirariam dos centros populacionais de Gaza, os palestinos seriam autorizados a começar a retornar para suas casas no norte do enclave. Além disso, haveria um aumento na ajuda humanitária, com cerca de 600 caminhões entrando a cada dia no enclave.
Militares israelenses disseram nesta sexta-feira que as tropas em Gaza já estão se preparando para a implementação do cessar-fogo.
Os detalhes da segunda fase ainda devem ser negociados durante a primeira fase. Esses detalhes continuam difíceis de resolver — e o acordo não inclui garantias por escrito de que o cessar-fogo continuará até que um acordo seja alcançado, sinalizando que Israel poderia retomar sua campanha militar após o término da primeira fase.
Saiba mais
Lista de reféns
O Fórum de famílias de reféns de Israel anunciou a identidade dos 33 reféns que devem ser libertados na primeira fase do cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Israel não confirmou o estado de saúde dos reféns, mas Tel-Aviv acredita que a maioria dos sequestrados estão vivos.
O gabinete do primeiro-ministro deve anunciar os nomes dos sequestrados libertados em cada dia do cessar-fogo. O bebe Kfir Bibas, de apenas 1 ano, está na lista, assim como o de seu irmão Ariel Bibas, de cinco anos, e seus pais, Shiri e Yarden Bibas. O argentino-israelense Yair Horn, de 45 anos, também deve ser libertado. A reportagem do Estadão conversou com seu pai, Itzik Horn, após o aniversário de um ano dos ataques do Hamas.
1. Liri Albag
2. Itzhik Elgarat
3. Karina Ariev
4. Ohad Ben-Ami
5. Ariel Bibas
6. Yarden Bibas
7. Kfir Bibas
8. Shiri Silberman Bibas
9. Agam Berger
10. Romi Gonen
11. Danielle Gilboa
12. Emily Damari
13. Sagui Dekel-Chen
14. Yair Horn
15. Omer Wenkert
16. Alexander Troufanov
17. Arbel Yehud
18. Ohad Yahalomi
19. Eliya Cohen
20. Or Levy
21. Naama Levy
22. Oded Lifshitz
23. Gadi Moshe Moses
24. Avera Mengistu
25. Shlomo Mansur
26. Keith Siegel
27. Tsahi Idan
28. Ofer Calderon
29. Tal Shoham
30. Doron Steinbrecher
31. Omer Shem-Tov
32. Hisham Al Sayed
33. Eli Sharabi